Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2022
A apresentadora afirma ter conversado com o piloto pelo telefone pouco antes da largada
Foto: DivulgaçãoAdriane Galisteu, de 48 anos, relembrou na quinta-feira (14) como viveu o dia da morte de Ayrton Senna, seu então namorado, em 1º de maio de 1994. A apresentadora afirma ter conversado com o piloto pelo telefone pouco antes da largada para combinar como fariam para se encontrar em um aeroporto, depois da corrida.
“Eu estava em Portugal e tinha acabado de falar com ele pelo telefone. Ele disse ‘estou p*to’, não estava querendo correr e ainda me falou ‘de todas as minhas histórias na pista, é a primeira vez que não quero correr'”, contou ela em entrevista ao Ticaracaticast, no YouTube.
“Falei para ele ‘então não corre’, porque se tinha alguém que podia não correr era ele, não podia ter uma caganeira? Qual seria o problema? Lembro de falar isso para ele no telefone, e ele quase me engoliu porque não tinha pontuado nas corridas anteriores. Com a Williams, ainda não tinha conseguido nem terminar uma corrida”, completou.
Era a terceira corrida da F1 em 1994, e Senna havia abandonado as duas anteriores em sua temporada de estreia na nova equipe. A Fórmula 1 havia vivido a tragédia da morte do austríaco Roland Ratzenberger no dia anterior, naquele mesmo GP de San Marino, além de uma batida forte de Rubens Barrichello.
“Depois dessa braveza dele, a gente desligou, e eu fiquei assistindo. Não sei se era pressentimento, mas aquela corrida não era para ter acontecido. O Ratzenberger morreu na pista, e quando morre na pista envolve outros valores. A última coisa que me falou foi ‘quando começar a corrida, já vai tomar banho, porque vou sair daqui direto para o aeroporto, você me pega’. Ele já estava de mala [em Ímola], de lá iria ao aeroporto e direto para o Algarve, em Portugal, onde eu estava”, lembra a apresentadora.
“Comecei a assistir a corrida. Quando ele bateu, achei até que ele chegaria mais cedo em casa. Fui para o banho, desliguei a televisão, porque estava muito acostumada a ver bater, até batida pior. O próprio Ayrton já tinha batido uma vez, no México, capotado e caído de ponta cabeça na pedra [em 1991]. Lembro de sair do banho, e de repente um silêncio sepulcral, absoluto. Não só em casa, na rua. Ouvi o barulho de um fax chegando, corri achando que era um contrato, alguma coisa assim, mas eram mensagens com coração. Aí é que começou a cair a ficha. Quando eu vi ele parado na pista falei ‘Ele desmaiou, quebrou perna ou braço’, porque ele não gostava de ninguém em cima dele. Em nenhum momento assistindo à cena eu imaginei que ele tivesse morrido”, disse.
Galisteu disse que ainda se preparou para encontrar Senna depois do acidente. “Fiz uma mala de roupa pra ele e outra pra mim pra ficar com ele no hospital. Fui para o aeroporto e falei ‘ele vai ficar uns três, quatro dias’. Sentei no avião, que era particular da esposa do Braga [empresário e amigo]. Ela também estava na mesma que eu. Falava ‘Ele é um touro’. Ele era um cara extremamente atlético. Sabe o Cristiano Ronaldo, esse cara bem exemplar? Esse era o Ayrton. Ele não tomava um gole de nada, não comia uma uva passa fora da dieta e treinava pra caramba”, detalhou ela.