As constatações serviram para embasar um apelo feito na noite de quarta-feira pela médica Barbara Birx, que trabalha no Departamento de Estado e comanda o grupo de trabalho do governo americano quanto ao coronavírus. Falando a jornalistas na Casa Branca e mencionando relatórios sobre a hospitalização e a necessidades de cuidados intensivos para pacientes jovens na Itália e França, Birx implorou que a geração milênio deixe de lado a socialização em grandes grupos e que tome precauções para se proteger e proteger aos demais.
“Vocês podem terminar transmitindo o vírus a alguém que porta uma doença que ainda não tenha sido detectada, o que poderia resultar em desfecho desastroso para essa pessoa”, disse Birx, falando aos jovens.
No relatório do CDC, 20% dos pacientes hospitalizados e 12% dos pacientes em tratamento intensivo tinham idades de entre 20 e 44 anos, ou seja, eram parte da faixa etária que abarca a geração milênio.
“As pessoas mais jovens podem se sentir mais confiantes sobre sua capacidade de resistir a um vírus como esse”, disse o médico Christopher Carlsten, diretor de medicina respiratória na Universidade da Colúmbia Britânica. Mas, ele disse, “se número tão grande de jovens está sendo hospitalizado, isso significa que existem muitas pessoas jovens que circulam pela comunidade portando a infecção”.
Os novos dados representam uma avaliação preliminar sobre a primeira leva significativa de casos nos Estados Unidos que não inclui pessoas que tenham retornado ao país de Wuhan, China, ou do Japão, afirmam os autores do estudo. Entre 12 de fevereiro e 16 de março, 4.226 casos foram reportados ao CDC, segundo o estudo.
As idades de 2.449 dos pacientes atendidos foram registradas, informou o CDC, e desses 6% tinham mais de 85 anos e 25% tinham entre 65 e 84 anos. Os pacientes com entre 20 e 44 anos respondiam por 29% das internações.
As faixas etárias dos 55 aos 64 anos e dos 45 aos 54 anos respondiam cada qual por 18% das internações. Apenas 5% dos pacientes diagnosticados tinham idade de menos de 19 anos.
O relatório não incluía informações sobre se os pacientes de qualquer faixa etária apresentavam fatores de risco subjacentes, como doenças crônicas ou sistemas imunológicos comprometidos.
Assim, é impossível determinar se os pacientes mais jovens que foram hospitalizados eram mais suscetíveis a infecções do que outras pessoas de suas faixas etárias.
Mas os especialistas dizem que, mesmo que as pessoas mais jovens incluídas no relatório não sejam representativas estatisticamente, o fato de que estejam ocupando leitos hospitalares e espaço nas unidades de tratamento intensivo é significativo.
E esses casos mais graves representam apenas a ponta de lança da rápida expansão da pandemia nos Estados Unidos, e demonstram que adultos de todas as idades são suscetíveis e deveriam se preocupar com proteger sua saúde e com não transmitir o vírus a terceiros.
A faixa etária mais jovem, as pessoas com 19 anos ou menos, respondia por 1% das hospitalizações, e nenhum paciente dessa idade morreu ou foi admitido a uma unidade de terapia intensiva. Esta semana, porém, o maior estudo conduzido até agora sobre casos pediátricos, na China, constatou que um pequeno segmento de crianças muito jovens pode precisar de hospitalização por sintomas bastante severos, e que um menino de 14 anos morreu do vírus, na China.
Das 44 pessoas cujas mortes foram registradas no relatório do CDC, 15 tinham idade de 85 anos ou mais e 20 tinham idade entre os 65 e os 84 anos. Entre os adultos dos 20 aos 64 anos, o número de mortes foi de nove, de acordo com o relatório.