Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2015
Quando veste seus trajes de Elvis Presley, o artista-tributo gaúcho Di Light pede, mentalmente, permissão ao seu maior ídolo, que teria completado 80 anos em 2015. “Nunca me senti digno de colocar uma roupa e fazer um show como Elvis”, conta ele, que, aos 33 anos, diz se sentir um super-herói toda vez que veste um dos trajes que emulam o Rei do Rock.
Ele pede para a reportagem não publicar o nome de batismo. Teme que isso atrapalhe sua identidade dupla: Elvis no palco, advogado criminalista em horário comercial. “Alguns clientes sabem e acham legal. É engraçado, tem até juízes, promotores, o pessoal me conhece de ver shows”, conta ele. “Outro dia, foi até meio constrangedor. Em uma audiência, um juiz perguntou: ‘Quando é teu próximo show aqui?’. ‘Bah, doutor, em outubro’, respondi.”
Di Light – “soa como ‘delícia’ em inglês”, explica, é uma brincadeira com o apelido de criança – faz nesta terça-feira (11) no Orpheum Theatre, em Memphis (EUA), um dos shows mais importantes de sua vida. Será a primeira eliminatória da finalíssima do UETAC (Ultimate Elvis Tribute Artist Contest), concurso organizado desde 2007 pela Elvis Presley Enterprise para eleger o melhor artista-tributo do Rei em todo o planeta. “Cover”, argumenta Di, é uma palavra “tecnicamente incorreta” e vetada no vocabulário de fãs que, como ele, levam a coisa a sério e gastam “uma nota violenta” para ter sua glória emulando o ídolo.
Investimento em um sonho.
O gaúcho não fala em valores, mas estima já ter gastado o equivalente a “um carro bem bom” com essa história de Elvis. Só o figurino que usará na final – encomendado à BK Costumes, responsável pela linha oficial do Rei do Rock – custou 5,5 mil dólares, mais impostos de importação. “Somando tudo deu uns 10 mil dólares [35 mil reais], e eu tenho nove trajes como este.”
Com a roupa de 10 mil dólares, ele enfrentará outros 19 finalistas, que disputam um prêmio de 20 mil dólares mais um cinturão de couro confeccionado pela BK – que trabalha com os moldes originais de Presley e disse à reportagem ter dez compradores brasileiros. Além, é claro, de um contrato com a produtora americana Legends in Concert, que tem 135 artistas no cardápio, de Bruce Springsteen a Liberace. O vencedor do UETAC 2015 se tornará o 13 Elvis Presley genérico da empresa.
Será a segunda vez de Di Light na final do concurso. Na primeira, em 2013, ele ficou no top 5 quando representava a América Latina. Agora, concorre por Tupelo (EUA), a cidade natal de Elvis Presley. Primeiro brasileiro a realizar a façanha, ele rejeita o favoritismo, mas diz que chegar com essa credencial lhe dá mais segurança. “Tupelo tem tradição de levar torcida e ampara o vencedor local. Dos oito mundiais, quatro campeões tinham ganhado lá antes.” “Desconhecido eu não era”, diz o artista, que já fez quatro turnês nos EUA, com shows em resorts e em cruzeiros que partem de Miami rumo ao Caribe.
“Se fizesse carreira fixa lá, conseguiria tirar 15 mil dólares por mês, no mínimo. Mas sou pé no chão.” Apegado à família e ao escritório, diz que a eventual vitória o faria considerar virar Elvis de vez.
Do ídolo, Di Light diz que a parte que emula melhor é a voz. “Não sou fisicamente muito parecido com ele, mas tento reproduzir os trejeitos, incorporar o Elvis à minha própria identidade”, comenta. “Por mais que exista um cara que seja muito bom, ninguém consegue ser perfeito. Se coloco uma pitadinha dele, já fico feliz.” Elvis de verdade, diz Di Light, só tem o Rei. (Folhapress)