Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2025
Jorge Messias conquistou reconhecimento do presidente Lula já na montagem do governo.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilFavorito para vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), apesar da oposição de parte dos ministros da corte, o advogado-geral da União, Jorge Messias, se tornou a principal referência jurídica no governo Lula e passou a ser chamado pelo presidente a opinar inclusive em temas políticos.
Essa posição se consolidou no vácuo deixado por aquele que foi um dos principais opositores à escolha de Messias: o ministro Flávio Dino. Lula já avisou a aliados que pretende indicar Messias.
Até então sem muita proximidade com Lula, Messias conquistou reconhecimento do presidente já na montagem do governo. No papel de coordenador jurídico da transição, atuou na redação de decretos de reestruturação da Esplanada, incluindo a definição do orçamento para 2023.
Logo no primeiro ano do governo, Lula passou a descrever Messias como eficiente e discreto no cargo, a ponto de cogitá-lo para o STF. A vaga foi, no entanto, ocupada por Dino, então ministro da Justiça.
Apesar de preterido para o Supremo, Messias ampliou seu espaço ao herdar funções desempenhadas por Dino. O titular da AGU (Advocacia-Geral da União) tornou-se a principal referência jurídica do governo, sendo consultado por Lula nos embates legais.
À frente do Ministério da Justiça, Dino enfrentava bolsonaristas nas redes sociais. Quando chegou ao STF, foi aberta uma lacuna na defesa do governo Lula. Aos poucos, Messias também começou a ocupá-la, assim como os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Com o convívio com Lula, passou a ser escalado também para reuniões de caráter político, até por sua experiência como chefe da assessoria jurídica do senador Jaques Wagner (PT-BA) durante o governo Bolsonaro.
Sua firmeza na defesa do STF e contra a proposta de redução de penas dos condenados pelos ataques golpistas de 8 de Janeiro mereceu elogios de Lula, que, em conversas, afirmou que Messias estaria maduro para o tribunal.
A avaliação no governo é que Messias foi combativo nas disputas com o Congresso, obtendo validação parcial da medida que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Ele aplacou resistências no Supremo com sua atuação firme em favor do tribunal e do ministro Alexandre de Moraes após as sanções financeiras impostas pelo governo Donald Trump nos EUA.
O ministro colocou a AGU à disposição de Moraes para questionar a aplicação da Lei Magnitsky e orientou a contratação de escritório nos Estados Unidos para acompanhar o avanço das sanções contra o Brasil.
Segundo aliados, Lula deverá levar em conta para a escolha da vaga de Barroso os mesmos atributos das anteriores, especialmente a coragem para enfrentar temas que geram desgaste na opinião pública e com quem o presidente tenha liberdade para conversar diretamente.
Auxiliares de Lula avaliam que Messias preenche esses requisitos e tem outro ativo, que é o fato de ser evangélico.
Messias teve papel importante como interlocutor do governo Lula com os evangélicos —segmento que se uniu majoritariamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele é membro da Igreja Batista, diácono de uma congregação em Brasília. Costuma usar seus discursos e redes sociais para fazer comentários sobre como a Bíblia influencia suas visões sobre o mundo. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)