Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2017
A decisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de partir para o enfrentamento e fazer acusações ao relator da Lava Jato no Supremo, o ministro Edson Fachin, abriu uma crise entre o peemedebista e os diversos escritórios que fazem sua defesa na Lava Jato. Todos os advogados que representam o ex-deputado ameaçaram abandoná-lo. O criminalista Rodrigo Rios foi o único que, de fato, oficializou a desvinculação. Os demais permaneceram, após um apelo da família do peemedebista.
A ofensiva de Cunha – que acusou Fachin de favorecer a JBS – foi vista como um “tiro na cabeça”. Aliados do peemedebista lembram que há forte espírito de corpo no STF e que a pressão sobre o ministro deve ter o efeito oposto ao desejado pelo ex-deputado.
Ex-presidente da Câmara, Cunha viu naufragar nas últimas semanas sua tentativa de fechar delação com a PGR — ao menos sob o mandato de Rodrigo Janot. Ele tem insinuado que fará nova oferta quando Raquel Dodge assumir a Procuradoria. Esqueceu-se, porém, de que caberá a Fachin homologar eventual acordo.
Baixa
O advogado Rodrigo Rios abandonou a defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha nesta segunda (28).
A saída de Rios aconteceu no dia em que foi divulgada uma nota feita por Cunha na cadeia em que ele acusa o ministro Edson Fachin, do STF, de obstruir pedidos de liberdade e beneficiar os delatores da JBS.
Rios mora em Curitiba e era o advogado que mais visitava Cunha na cadeia. Ele tem boa relação com o ministro Fachin, que também fez carreira jurídica no Paraná.
Rios é o segundo advogado a abandonar a defesa de Cunha. Em maio, Marlus Arns, também de Curitiba, deixou o cliente um dia após a divulgação de que Joesley Batista, dono da JBS, estaria pagando uma mesada para o ex-presidente da Câmara para que ele não fizesse acordo de delação premiada.
Cunha é defendido por outros dois escritórios de advocacia de Brasília. O advogado Ticiano Figueiredo defende o ex-deputado nas ações que ele responde na Lava Jato e Delio Lins e Silva foi o responsável pela negociação fracassada do acordo de delação premiada de Cunha com a Procuradoria-Geral da República.
Segundo Rios, sua saída foi por motivos práticos. “Entendo que a defesa deva se concentrar em Brasília por conta do eminente esgotamento das instâncias ordinárias da 4ª região”, disse Rios.
A nota escrita por Cunha no complexo penal em que está preso, relata que Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, pediram ajuda para aprovar o nome de Fachin para o STF, em 2015, e que disseram manter “relação de amizade” com o então candidato.
“Quando Joesley Batista e Ricardo Saud me procuraram para ajudar na aprovação [de] Fachin, além da relação de amizade que declararam ter com ele, me passaram a convicção de que o país iria ganhar com a atuação de um ministro que daria a assistência jurisdicional de que a sociedade necessitava.” (Folhapress)