Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de fevereiro de 2018
A agência internacional de notícias Reuters reeditou a matéria da entrevista exclusiva que realizou com o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Fernando Segovia. O texto original, publicado na noite da última sexta-feira, dizia que ele havia afirmado que a tendência era de arquivamento do inquérito envolvendo o presidente Michel Temer em suspeitas de propinas no âmbito do chamado “Decreto dos Portos”.
Na alteração do conteúdo, a Reuters trocou o verbo “afirmar” por “indicar” ao qualificar as declarações de Segovia. No início da nova versão do texto, a agência fez a seguinte ressalva aos leitores: “Esclarece que Segovia disse que até o momento não há indício de crime no caso, indicando, em vez de afirmando, que a tendência é que a Polícia Federal arquive o caso”.
A matéria obteve grande repercussão e também gerou mal-estar no Palácio do Planalto, bem como no STF (Supremo Tribunal Federal). Não por acaso, já na manhã de sábado o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso na Corte, decidiu intimar Segovia a prestar esclarecimentos sobre as declarações.
“Tendo em vista que tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal, determino a intimação do Senhor Diretor da Polícia Federal, Delegado Fernando Segovia, para que confirme as declarações que foram publicadas, preste os esclarecimentos que lhe pareçam próprios e se abstenha de novas manifestações a respeito”, ressalta o despacho assinado por Barroso.
Também no sábado, entidades de classe se manifestaram, por meio de notas à imprensa, sobre a fala de Segovia. A direção da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), por sua vez, fez questão de frisar que nenhum dirigente da corporação deve se manifestar a respeito de investigações que estejam em andamento.
Já o comando da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) alertou que é “sempre temerário que a direção-geral da PF emita opiniões pessoais sobre investigações nas quais não está diretamente envolvida”.
Quem também se manifestou foi o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Claudio Lamachia. Ele afirmou não ser “apropriado” que o diretor-geral da Polícia Federal “dê opiniões a respeito de investigações em curso”.
Defesa
Em nota divulgada no sábado, Segovia (que assumiu o cargo em novembro do ano passado, em substituição a Leandro Daiello, que ocupava a função desde 2011) negou ter dito que pretendesse arquivar o inquérito que pode implicar Michel Temer.
“Eu afirmo que em momento algum disse à imprensa que o inquérito será arquivado”, argumentou por meio de nota. “Afirmei, inclusive, que o inquérito é conduzido pela equipe de policiais do GInqE com toda autonomia e isenção, sem interferência da Direção-Geral da PF.” Ele acrescentou que só responderá aos questionamentos do ministro Barroso, do STF, nesta quarta-feira.