Quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Por Gisele Flores | 27 de novembro de 2025
Sérgio Gonzalez
Foto: Da esquerda para a direita: Antônio da Luz, Rodrigo Sousa Costa e Luis Carlos HeinzeO encontro Tá na Mesa, promovido pela Federasul, trouxe ao debate os principais desafios estruturais do agronegócio gaúcho: irrigação, açudes e energia como instrumentos de resiliência climática. O evento contou com a participação do senador Luis Carlos Heinze e do economista-chefe do Sistema Farsul e CEO da Agromoney, Antônio da Luz, que reforçaram a necessidade de políticas públicas e crédito para transformar segurança hídrica e energética em investimentos estratégicos.
Os palestrantes destacaram que o Rio Grande do Sul enfrenta um cenário cada vez mais marcado por eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas e chuvas concentradas em curtos períodos. Nesse contexto, irrigação e infraestrutura energética não podem ser vistas como custos adicionais, mas como alicerces para a sustentabilidade econômica e ambiental do setor.
Heinze enfatizou que a construção de açudes é a medida mais eficaz para assegurar oferta regular de água, estabilizar a produtividade e proteger empregos e arrecadação. “Os açudes cumprem papel central na segurança hídrica ao permitir o armazenamento da água nos períodos de maior disponibilidade, garantindo abastecimento durante estiagens”, afirmou. O senador também ressaltou que ampliar a irrigação significa proteger safras e fortalecer a economia regional, apelando para que prefeitos e entidades se mobilizem em busca de recursos.
Antônio da Luz apresentou dados que dimensionam os impactos das estiagens recentes: entre 2020 e 2025, o Rio Grande do Sul perdeu 48,6 milhões de toneladas de grãos, o que representou uma redução de R$ 126,3 bilhões no faturamento do setor. “Esses prejuízos equivalem a metade do PIB gaúcho e explicam por que o crescimento econômico do Estado tem ficado abaixo da média nacional”, destacou.
O economista reforçou que irrigação e energia devem ser vistas como infraestruturas essenciais para a competitividade do agro. Sem elas, o produtor permanece vulnerável às oscilações climáticas, comprometendo não apenas sua renda, mas também a estabilidade econômica do Estado.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, reforçou que irrigação, açudes e energia precisam ser tratados como políticas públicas estratégicas. Para ele, o acesso ao crédito é decisivo para acelerar investimentos e garantir que o Rio Grande do Sul mantenha relevância no cenário agropecuário nacional e internacional. “Ao assegurar água e energia ao campo, o Estado não apenas protege o produtor rural, mas também garante desenvolvimento, geração de empregos e maior estabilidade econômica frente às mudanças climáticas”, afirmou.
Sousa Costa também defendeu a criação do Fundo Constitucional do Sul, tema que será debatido no último Tá na Mesa do ano. A proposta busca ampliar o acesso a recursos financeiros para investimentos estruturantes, fortalecendo a capacidade de resposta do setor às crises climáticas.
O encontro evidenciou que a resiliência climática do agronegócio gaúcho depende de uma agenda integrada entre produtores, entidades e poder público. Irrigação, açudes e energia não podem ser vistos como despesas, mas como investimentos estratégicos capazes de proteger safras, garantir renda e assegurar a competitividade do Rio Grande do Sul em um cenário global cada vez mais desafiador. (por Gisele Flores)