Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2017
O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, disse neste sábado (09) que o partido não tem que desembarcar do governo porque nunca teria embarcado. Em um tom mais agressivo, disse antes da convenção nacional da sigla que o País ainda está no governo de Dilma Rousseff, pois o presidente Michel Temer era o vice dela.
“Estamos vivendo hoje no País ainda o governo Dilma. Michel Temer é o vice-presidente do governo Dilma, faz parte da coligação do governo anterior. Estamos vivendo ainda isso. Não elegemos Michel Temer. Quem elegeu Michel Temer foi Dilma e a coligação que os apoiou”, afirmou o presidente em exercício do PSDB, partido que foi um dos principais artífices do impeachment da petista em 2016.
Goldman destacou que ainda é cedo para discutir alianças para 2018, mas afirmou que “tudo é possível”. “A única hipótese que não existe é se aliar às forças das candidaturas de Lula e Dilma”, afirmou. Goldman também defendeu a saída de Luislinda Valois do Ministério dos Direitos Humanos. Antonio Imbassahy (PSDB-BA) deixou a Secretaria de Governo nesta sexta-feira (08). No mês passado, Bruno Araújo (PSDB-PE) saiu do Ministério das Cidades. O outro tucano no governo é Aloysio Nunes, que deve permanecer no Ministério das Relações Exteriores na cota pessoal de Temer.
Reclamações
Dirigentes do PSDB do Rio de Janeiro reclamaram na manhã deste sábado de a votação em uma chapa única para o diretório nacional da legenda estar aberta sem que se saiba quais serão os componentes da cúpula partidária. Eles também cobraram o afastamento do governo de Michel Temer, que chamaram de impopular. “Como é possível ter uma convenção que não tenha a lista afixada? É uma profunda decepção”, disse o deputado estadual Luiz Paulo, líder da bancada na Assembleia Legislativa do Rio.
Ele afirmou que esperava que a convenção nacional tivesse uma disputa verdadeira de chapas entre o grupo do senador Tasso Jereissati (CE) e o do governador de Goiás, Marconi Perillo. Ambos abriram mão de disputar a presidência do diretório nacional em prol do governador paulista, Geraldo Alckmin, que lança neste sábado informalmente sua pré-candidatura a presidente da República.
“É necessário saber se vai ser unidade mesmo ou se vai ser uma composição. Se continuar o partido dos cabeças-pretas e dos cabeças-brancas, eu sou careca, mas estou do lado dos cabeças-pretas. Não há por que o PSDB estar no governo do PMDB. É o partido mais impopular no Rio. E a questão local é importante”, provocou Luiz Paulo.
O ex-deputado federal Marcelo Itagiba (RJ), também delegado da Polícia Federal e ex-secretário de Segurança do Rio, exigiu que a lista com os nomes que compõem a chapa única seja distribuída para saber ao menos em quem se está votando: “Me parece que essa é uma forma errada de construir um partido e de se fazer política”.
Itagiba cobrou que o partido construa um “caminho limpo”, sem corrupção, e disse que sempre defendeu o afastamento do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do partido desde que foi acusado de pedir propina em delação premiada dos donos da JBS. Aécio negou.
“O PSDB é maior que cada um de nós individualmente. O PSDB precisa ter um caminho limpo para se contrapor ao que julgamos ser a antipolítica. Não podemos ser igual aos que por lá passaram”, disse Itagiba. Ele afirmou que o PSDB virou um partido “mal falado nas ruas” e “deixou de ser oposição para virar partido apêndice de uma situação que não se coaduna com nossas normas e objetivos programáticos”.
Em sua conta no Twitter, ele postou: “Aécio não serviu ao PSDB nem ao Brasil. Serviu-se de ambos, enxovalhou a memória do avô e deixou o PSDB em frangalhos. Como presidente, pediu propina e maculou a imagem do partido. O PSDB precisa recuperar seus ideais ou acaba igual ao PMDB.”