Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2025
Lupi é o presidente licenciado do partido – ele foi temporariamente afastado da função na sigla enquanto exercia a função ministerial.
Foto: Lula Marques/Agência BrasilSem a presença do agora ex-ministro da Previdência Carlos Lupi no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do PDT mais alinhados às posições do ex-ministro Ciro Gomes esperam seguir caminho de independência na Câmara dos Deputados, o que pode acender preocupações do governo.
Mesmo com a indicação do número dois de Lupi, o também pedetista Wolney Queiroz, ciristas entendem que PDT e PT poderiam seguir diferentes caminhos – isso porque Wolney se opôs à candidatura de Ciro Gomes ao Planalto em 2022.
Esse grupo diz que a nomeação é escolha estrita de Lula, aliado do chefe do Executivo e, portanto, o PDT poderia adotar postura independente no Congresso. O líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), admite que isso pode ocorrer. Lupi é o presidente licenciado do partido – ele foi temporariamente afastado da função na sigla enquanto exercia a função ministerial.
Em conversas internas, essa ala cirista do PDT argumenta que o que prendia o partido a “votar 100%” com Lula era a participação de Lupi na Esplanada. Esse entendimento foi explicitado em conversas trocadas entre parlamentares pedetistas na sexta-feira (2), dia da demissão de Lupi.
Agora, esse grupo entende que a bancada pode seguir rumo próprio. O PDT tem 17 deputados federais e três senadores, e foi importante em votações em que o governo saiu vencedor com placar apertado.
Foi o caso da votação da urgência a um projeto de lei que restringe o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O governo conseguiu apenas 267 dos 257 votos necessários, uma votação de resultado parelho. No PDT, 14 deputados participaram da votação e todos acompanharam a posição de Lula.
A ala que apoia Ciro Gomes entende que, por mais que exista um alinhamento ideológico similar à gestão petista em alguns campos, a divergência econômica poderia fazer os dois grupos seguirem caminhos opostos. Era o que poderia acontecer nesse projeto, em que deputados relatam terem votado a favor da proposta apesar de terem restrições a ela.
O sentimento é mais forte principalmente na Câmara. No final do mês de março, Heringer juntou alguns deputados em Brasília em um jantar com Ciro Gomes. Nesse encontro, houve um apelo dos parlamentares para que o ex-ministro, crítico de Lula, se candidate à Presidência da República em 2026.
Na quinta-feira (1º), o líder do PDT na Câmara criticou o tratamento dado pelo Planalto a Lupi, disse que ele causou “extremo constrangimento” ao partido e que a saída do então ministro implicaria numa saída do partido do governo.
Mas essa leitura não é um consenso dentro do PDT. Na reta final das eleições municipais de 2024, em que o PDT teve um resultado desastroso, um grupo de deputados pedetistas defendia a expulsão de Ciro Gomes do partido, sob o argumento que as posições dele afetariam a performance da sigla no pleito de 2026.
Com a abertura da janela partidária, em 2026, a expectativa é de uma debandada de deputados federais especialmente do Ceará, em razão de uma briga de Ciro Gomes com o irmão, o senador Cid Gomes (CE), que migrou do PDT para o PSB.
(Com O Estado de S.Paulo)