Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2025
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também tenta restabelecer o apoio de antigos aliados na tentativa de se manter no cargo. Há três semanas, ele almoçou em Brasília com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, e um dos responsáveis pela indicação do ministro ao cargo no governo Lula.
A conversa marcou a reaproximação dos dois políticos, que estavam com relações estremecidas desde o ano passado, quando o nome de Silveira passou a constar da lista de potenciais candidatos ao governo de Minas Gerais na eleição de 2026. Pacheco ainda não disse se quer ser candidato, mas Lula não deixa de citá-lo toda vez que toca no assunto.
Na sexta-feira, em evento em Uberaba (MG), o ministro elogiou Pacheco e disse que só concorreria se fosse recrutado por Lula. “Acho que o (ex) presidente (do Senado) Pacheco, que eu sempre destaquei, é um nome que está preparado para assumir qualquer cargo público no País. Há um desejo do presidente Lula de que ele seja o palanque aqui.” No mês passado, Silveira já havia feito um gesto de paz. Indicou um nome ligado a Pacheco para o conselho de administração da Petrobras, o do engenheiro mineiro José Fernando Coura. Procurado, Pacheco não quis comentar.
No ministério, Silveira se aproximou dos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, conquistando desafetos e se distanciando do chamado “grupo do Senado”. Como mostrou o portal Estadão, em maio de 2024 Silveira assinou uma medida provisória que beneficiou a empresa de energia dos irmãos Batista, a Âmbar, viabilizando termoelétricas recém-adquiridas na Região Norte. Adversários dos empresários no setor energético se insurgiram, a exemplo de Carlos Suarez, conhecido como “rei do gás”, também interessado no negócio.
Meses depois, os donos da JBS compraram a empresa de distribuição de energia do Amazonas, mas o negócio ainda é objeto de questionamentos por parte de Suarez. Como o empresário exerce também influência no Congresso, ampliou-se o desgaste de Silveira.
A Âmbar rejeita a ideia de que houve benefício e afirma que se tratou de uma transação privada em acirrado processo competitivo, e que a busca por uma solução para a Amazonas Energia era de conhecimento público, “urgente e iminente”.
A gota d’água ocorreu quando Silveira decidiu fazer indicações para as agências reguladoras sem combinar com os colegas. A iniciativa foi frustrada com a rejeição do senador Davi Alcolumbre (União-AP) aos nomes propostos, situação que se arrasta até agora.
Como os cargos em agências passam pelo crivo do Senado, os parlamentares creem ter a prerrogativa nessas indicações. O mal-estar emperrou a análise de nomes indicados para todas as agências e autarquias, não apenas as ligadas a Silveira, pelo Senado.
Em meio ao impasse, Silveira recuou e cedeu a vaga na diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para um nome proposto pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). No caso da Agência Nacional
Silveira também fez indicações para agências reguladoras sem combinar com os colegas
de Energia Elétrica (Aneel), cedeu o espaço para um indicado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), e prometeu outro a um nome ligado ao ministro do STF Gilmar Mendes.
Nem mesmo pessoas próximas ao ministro arriscam prever qual será o desfecho da queda de braço, nem se Lula bancará a sua permanência. Nos bastidores do Senado, Alcolumbre tem dito que não tem pressa. As informações são do portal Estadão.