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Variedades Alfajores: como um doce criado por árabes se tornou símbolo da Argentina

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Alfajores são normalmente recheados com doce de leite. (Foto: Reprodução)

Em sua forma mais comum, o alfajor argentino é um doce feito com dois biscoitos macios que esfarelam, recheados com doce de leite e cobertos com chocolate ou polvilhados com açúcar ou coco ralado.

Para muitos argentinos, os alfajores estão no mesmo patamar que o vinho Malbec, a carne e a erva-mate no panteão culinário do país.

Cerca de 1 bilhão de alfajores são vendidos na Argentina todos os anos, de acordo com o conselho de turismo de Buenos Aires, e centenas de variedades estão disponíveis em quiosques, supermercados e padarias de todo o país, desde a Tierra del Fuego, no extremo sul, às planícies áridas de Jujuy, ao norte.

“Você pode encontrá-los em qualquer lugar”, diz Allie Lazar, crítica gastronômica de Buenos Aires e colaboradora do blog Pick Up The Fork.

“Cada quiosque vende uma grande seleção de alfajores. A maioria dos argentinos tem uma queda por doces, e doce de leite é basicamente um tesouro nacional, então os alfajores são há muito tempo a guloseima ou o lanche rápido perfeito. Também são um ótimo acompanhamento para contrastar a erva-mate, que tende a ser bastante amarga.”

Os alfajores são parte integrante da cultura popular argentina, aparecendo em diversas obras — do conto O Aleph, de Jorge Luis Borges, às tirinhas da tão amada Mafalda, do cartunista Quino.

Quando era jovem, o jogador Lionel Messi era recompensado por um dos seus treinadores com alfajores por cada gol que marcava.

Eles são tão importantes para a vida argentina que a Constituição do país foi supostamente escrita em uma alfajorería (loja de alfajores) em meados do século 19.

Embora sejam um produto relativamente simples, os alfajores têm uma história longa e complexa.

Facundo Calabró, criador do blog Catador de alfajores e autor do livro ‘En busca del alfajor perdido’ (Em Busca do Alfajor perdido, em português), explica que eles datam pelo menos do século 8, quando um biscoito árabe feito de açúcar, melado, nozes e canela chegou à Península Ibérica durante a conquista dos mouros.

Foram desenvolvidas na sequência versões da Andaluzia e da Múrcia, que ganharam o nome de alajú ou alfajor — derivado, alguns linguistas acreditam, da palavra árabe al-fakher (“luxuoso”) ou da palavra árabe antiga al-huasu (“preenchido” ou “recheado”) .

Com formato cilíndrico e feito de amêndoas moídas, avelãs, farinha de rosca, açúcar, mel e especiarias como a canela, essas versões ainda são tradicionalmente consumidas em algumas partes da Espanha no Natal e em algumas regiões estão disponíveis o ano todo.

Mas os alfajores ganharam destaque de verdade na América Latina.

“No século 16, o alfajor chegou do sul da Espanha e se espalhou pelas Américas, principalmente por meio dos conventos. Começou a se hibridar, pegando os ingredientes de cada região e perdendo outros”, conta Calabró.

Os alfajores em Porto Rico são tipicamente feitos de mandioca moída, por exemplo; enquanto Chile, Peru e México — entre outros — usam suas próprias versões de doce de leite.

No entanto, embora sejam encontrados por toda a América Latina, eles são símbolo, antes de mais nada, da Argentina, maior produtora e consumidora do produto.

Os alfajores argentinos estão muito distantes de seus predecessores espanhóis e árabes. As versões caseiras mais comuns — e geralmente encontradas nas padarias — são conhecidas como alfajores de maizena, com recheio de doce de leite e cobertura de açúcar ou coco ralado.

“Mas, como a maioria dos alimentos que chegaram à Argentina, os alfajores passaram por reviravoltas provinciais”, explicam Paula Delgado e Claudio Ortiz, chefs da Estancia Los Potreros, que vão publicar seu primeiro livro de receitas este ano.

“Nossos chefs recorrem a receitas que aprenderam com suas mães, tias, avós. Aqui na província de Córdoba, os alfajores são tipicamente recheados com uma pasta de marmelo doce. Todos os nossos gaúchos, cozinheiros, faxineiros e funcionários se sentam à tarde para falar sobre a vida e política com alfajores e chá mate. Eles são uma parte importante da cultura argentina.”

O tipo mais famoso de alfajor comprado nas lojas é o marplatense, que é recheado com doce de leite e coberto com chocolate. Seu nome vem da cidade costeira de Mar del Plata, berço da principal marca Havanna, que abriu sua primeira padaria em 1947 e agora tem lojas e cafés em toda a Argentina.

Mas há inúmeras variações além do clássico marplatense.

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https://www.osul.com.br/alfajores-como-um-doce-criado-por-arabes-se-tornou-simbolo-da-argentina/ Alfajores: como um doce criado por árabes se tornou símbolo da Argentina 2021-02-21
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