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Por Redação O Sul | 5 de maio de 2017
Computadores se saíram melhor que juristas ao prever decisões tomadas pela Suprema Corte dos Estados Unidos. O experimento, conduzido por pesquisadores norte-americanos, consistiu em desenvolver um algoritmo que interpretasse todos os casos e julgamentos em dois séculos e, a partir destes dados, fizesse previsões baseado em análises estatísticas.
Embora outros estudos já tivessem usado algoritmos para analisar decisões jurídicas, este é o modelo mais completo já desenvolvido. Em 2011, uma pesquisa levou em conta os votos de oito juízes em casos de 1953 a 2004, a fim de prever o voto do nono juiz, por meio de estatísticas (a Suprema Corte americana é formada pelo chefe de Justiça dos Estados Unidos e outros oito juízes nomeados pelo presidente e confirmados pelo Senado, de modo vitalício).
Surpreendentemente, o computador teve uma taxa de acertos de 83%. Em 2004, outro estudo havia computado votos de nove juízes que estavam na corte desde 1994 para prever o resultado de casos a serem julgados de 2002 a 2003, com 75% de acertos.
O sistema foi desenvolvido a partir de todos os casos registrados desde 1816 na base de dados da Suprema Corte. Ele pode oferecer previsões para qualquer juiz e em qualquer data. Para isso, os pesquisadores atribuíram dezesseis características a cada voto, incluindo o tribunal de origem.
Dispondo de todas essas informações, o algoritmo fazia a previsão e a comparava com o desfecho real do caso, para aperfeiçoar a sua própria estratégia de cálculo. Ao final do processo, a rotina se mostrou capaz de prever 70,2% das 28 mil decisões entre 1816 e 2015 e 71,9% dos 240 mil votos de cada juiz – bem mais que a taxa de acerto de 66% de especialistas.