Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2025
Aliados e auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro que prestigiaram o show de Madonna na Praia de Copacabana no ano passado vão passar longe da apresentação de Lady Gaga neste sábado (3). A Prefeitura do Rio aguarda um público de 1,6 milhão de pessoas, mas a presença de bolsonaristas no megashow gratuito deve ser bem menor desta vez.
No ano passado, o espetáculo de Madonna foi prestigiado por diversos políticos da órbita do ex-presidente, entre eles o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten, o senador Jorge Seif (PL-SC) e o presidente do PL em Angra dos Reis, Renato Araújo, candidato derrotado à prefeitura do município em 2022.
Todos já informaram que não vão comparecer ao evento, que traz para as areias de Copacabana a turnê do álbum “Mayhem”, lançado em março de 2025, e que deve movimentar R$ 600 milhões, segundo estudo feito pela Prefeitura do Rio.
Oficialmente, nenhum deles admite que desistiu de ir por medo de apanhar do eleitorado conservador nas redes sociais. Questionados pela equipe da coluna, eles apresentaram como justificativas viagem marcada, recuperação de cirurgia, preferência por outros gêneros musicais e até mesmo um suposto desconhecimento do evento.
Repercussão negativa
Nas conversas reservadas, porém, fica claro que a repercussão negativa das redes sociais da presença deles na plateia de Madonna – que exibiu cenas eróticas, incluindo simulação de sexo e dançarinas com seios à mostra no palco –, pesou na decisão de ignorar Lady Gaga.
“A direita nos detonou”, disse um interlocutor de Bolsonaro. “Só daria para ver a Lady Gaga desta vez com peruca e disfarce.”
Em uma postagem, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) chegou a descrever a apresentação de Madonna no Rio como “satânica” e “pornográfica”.
Um dos integrantes do time jurídico de Bolsonaro, Wajngarten disse ao jornal O Globo que vai passar a noite de sábado em sua casa, em Maresias, badalada praia do litoral paulista. “Nem sabia do show”, desconversou.
Renato Araújo disse que não vai porque não é fã de Lady Gaga. “E nem da Madonna. Naquela ocasião eu estava acompanhando o Fabio Wajngarten. Eu curto sertanejo.”
Já o governo do Rio informou que Castro estará viajando com a sua mulher, Analine Castro, para comemorar o aniversário dela, celebrado neste domingo (4). O destino não foi revelado, por “questões de segurança”.
O presidente do União Brasil, por sua vez, disse que fez uma cirurgia no último domingo para retirar um cálculo renal de 4 milímetros. “Não vou, vou ficar quietinho em casa. Serão 10 dias de repouso, mas vou ver pela televisão. Ela é uma personalidade mundial, gosto muito”, afirmou Rueda.
Já Aécio Neves respondeu ao blog com ironia. “Ela (Lady Gaga) não me convidou, não”, disse. E a Madonna por acaso o convidou no ano passado? “Insistentemente”, afirmou.
Críticas a Trump
Um dos maiores ícones da comunidade LGBTQIA+, a popstar americana não foge do embate político.
Nas eleições presidenciais americanas de 2024, Gaga declarou voto em Kamala Harris e participou do último comício da campanha da democrata, derrotada por Donald Trump, principal aliado do clã Bolsonaro no tabuleiro geopolítico mundial. Após a trágica invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, ela sugeriu o impeachment de Trump.
“Eu espero que estejamos focados em passar o impeachment de Trump, para que o Congresso possa optar por desqualificá-lo de futuras eleições. Ele incitou terror nos EUA – precisamos de mais violência? Isso é terrorismo”, escreveu a cantora em seu perfil pessoal no X.
Em fevereiro deste ano, ao receber o Grammy (o Oscar da música) de melhor performance de duo, por sua parceria com Bruno Mars na canção “Die with a smile”, a cantora saiu em defesa da população trans.
O discurso foi um contraponto à retórica transfóbica de Trump, que emitiu nos primeiros dias de governo uma ordem executiva estabelecendo que a Casa Branca só passaria a reconhecer dois sexos “imutáveis” – o masculino e o feminino.
“Só quero dizer hoje à noite que pessoas trans não são invisíveis. Pessoas trans merecem amor. A comunidade queer merece ser celebrada. Música é amor. Obrigada”, discursou Gaga.