Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2025
Logo na manhã do último sábado (22), antes mesmo de revelados todos os detalhes da violação da tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro, aliados dele ainda procuraram ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar acalmar os ânimos e tentar abrir uma brecha para reverter a ordem de prisão preventiva de Alexandre de Moraes. Nas conversas, eles negaram que o ex-presidente tivesse a intenção ou mesmo condições de fugir.
Nessas conversas, alegaram que o episódio foi uma espécie de surto provocado pelo uso intenso de medicamentos para controlar dor e ansiedade e afirmaram que Bolsonaro estava muito solitário e sem acompanhamento em casa.
Os ministros procurados pelos aliados do ex-presidente não deram pistas sobre se o ajudariam ou não, mas se disseram espantados com a situação, classificada como “bizarra” por um deles.
Antes do episódio da tornozeleira, a expectativa no entorno de Bolsonaro era a de que Moraes decidiria entre esta terça (25) e quinta-feira (27) mandá-lo para a prisão para o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão por articular um golpe de Estado para se manter no poder.
Mas o comportamento de Bolsonaro no último fim de semana, quando conformou a policiais penais ter mexido na tornozeleira em plena madrugada, levou Moraes a mudar os planos, ver risco de fuga – e determinar sua prisão preventiva na superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Inicialmente, Bolsonaro havia alegado que bateu o dispositivo na escada de sua residência, localizada em um condomínio no bairro Jardim Botânico, em Brasília. Depois, admitiu que usou ferro de solda para tentar abrir o equipamento.
“Diferente do que havia sido informado inicialmente, a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada. O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case”, detalha o relatório assinado pela diretora-adjunta Rita Gaio, da Superintendência de Administração Penitenciária do governo do Distrito Federal.
Conforme a versão foi mudando, ficou patente para os interlocutores do ex-presidente que tinha ficado muito mais difícil defendê-lo e que a novela da tornozeleira dificultou ainda mais as chances de Bolsonaro voltar para a prisão domiciliar, mesmo com os laudos médicos anexados pelo seu time jurídico para tentar afastar “o risco Papuda”.
Como informou o blog da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, antes de o ministro Alexandre de Moraes determinar a prisão preventiva de Bolsonaro neste sábado, autoridades do governo do Distrito Federal avaliavam a possibilidade de o ex-ocupante do Palácio do Planalto cumprir o início da pena no 19º Batalhão da Polícia Militar, conhecido como “Papudinha”, por estar localizado dentro do complexo penitenciário.
A “Papudinha” foi um dos três locais visitados pela chefe de gabinete de Moraes no final do mês passado para conferir as instalações do complexo penitenciário mais adequadas para Bolsonaro. (Com informações da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo)