Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2017
				De forma reservada, interlocutores do presidente Michel Temer já apregoam a articulação de uma candidatura que possa defender o legado do governo na corrida presidencial do ano que vem. No Palácio do Planalto, ainda ronda o fantasma da disputa de 1989. À época, o então presidente José Sarney (também do PMDB) não teve um nome para defendê-lo, tornando-se uma espécie de “Geni” da campanha, em que todos os candidatos jogavam pedra.
Diante desse cenário, o nome do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, começa a ser falado entre os interlocutores de Temer. Meirelles é visto como o melhor perfil para defender a política econômica de Temer e impor na campanha um debate realista sobre a situação fiscal do país. Além disso, Meirelles tem o nome bem aceito no mercado financeiro.
Já é sabido que, até abril deste ano, Temer sonhava em disputar a reeleição diante do cenário de recuperação da economia. Mas foi atropelado no meio do caminho pela delação da JBS/Friboi. Com impopularidade recorde, o peemedebista tem a plena consciência de que não conseguirá retomar o projeto – o fato de ele já estar com 77 anos de idade também seria um dos aspectos que poderiam complicar os planos de um segundo mandato na chefia do Executivo. Mas interlocutores mais próximos reconhecem a necessidade de Temer ter um representante na corrida presidencial.
Tucanos
Fica cada vez mais claro para o Planalto que o PSDB não fará o papel de defender Temer na disputa do próximo ano. Pelo contrário. O partido se afasta rapidamente do peemedebista. E o nome tucano mais forte para a disputa, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), já tem demonstrado um distanciamento cada vez maior de Temer. Esse mesmo movimento já foi iniciado pelo DEM, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ). “É preciso ter um nome da cozinha do governo nessa disputa”, observou um integrante do primeiro escalão.
No núcleo palaciano, a percepção é que Meirelles está animado com a possibilidade de entrar para a disputa. Mas, para isso, teria que ter a certeza de uma legenda e o apoio da estrutura do governo. Apesar de ser do PSD, ainda não há garantia de o ministro Gilberto Kassab (Comunicações, Ciência e Tecnologia), presidente do partido, garantir legenda para Meirelles.
A constatação é que o prazo para definição de uma filiação de Meirelles termina em fevereiro: ou fica no PSD com a garantia de que será candidato ou muda de partido. Mas há o reconhecimento de que uma filiação de Meirelles ao PMDB, por exemplo, teria dificuldade em razão das divisões internas. Assim, o ideal seria a permanência do ministro da Fazenda no PSD.
Nesta semana, durante um evento em São Paulo, Meirelles brincou com o cenário de ser candidato a vice-presidente no pleito de 2018. Mas o que ele quer mesmo é ser cabeça-de-chapa na disputa para o Palácio do Planalto, que promete movimentar mais uma vez o cenário político nacional.