Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2025
Aos 29 anos, atriz conta que está apaixonada e diz que aprendeu a não fazer do trabalho a sua maior prioridade
Foto: Reprodução/InstagramAlice Wegmann já colocou a carreira em primeiro lugar na vida – a família e os amigos vinham depois. Quando pela primeira vez fez uma pausa longa entre trabalhos, há quase uma década, desabou. Hoje, aos 29 anos, no ar como a Solange Duprat de Vale Tudo, aprendeu a lição.
“Antes, se eu fazia uma cena que considerava que era ruim, ficava remoendo, triste, ia para casa chateada. Hoje em dia é tipo ‘beijo, tchau vou sair para jantar, vou encontrar meus amigos’”, diz. “ É uma grande vitória, eu estou muito mais relaxada com quem eu sou e me levo menos a sério também”, afirma.
Carioca, criada na Zona Sul do Rio, Alice é uma das atrizes mais elogiadas de sua geração. Ex-atleta da ginástica artística, abandonou o esporte após um acidente que a levou à sala de cirurgia e quatro dias de internação – menos de um mês depois estava de volta às competições. Nos ginásios teve contato com uma realidade diferente da sua, onde colegas não tinham, às vezes, dinheiro para a condução.
“Eu entendi o que era o Brasil, que era essa realidade e esse instinto para querer mudar, para querer transformar o país. Isso para mim nasceu muito cedo”, explica Alice que, politizada e feminista, não se furta a se posicionar na web, sem medo de errar. “Se eu me posiciono e me arrependo, eu falo que eu me arrependi. Não sou do tipo de pessoa que não muda de ideia nunca”, diz ela.
Ela sabe o custo de ser uma pessoa pública na era das redes . “É muito cruel fazer novela com a web do jeito que está. Se você é uma pessoa que vai se fragilizar com o comentário que fazem sobre você, é melhor não ler nada, desativar tudo”, aponta. Alice viu de perto a violência das redes com as críticas a Bella Campos, a Maria de Fátima de Vale tudo – ela credita parte dos ataques à amiga como reflexo do machismo e do racismo.
“O Brasil ainda não aceita mulheres negras no topo, e Bella vem para provar o contrário, de que é possível, sim. Temos duas mulheres pretas brilhando na novela, ela e Taís Araujo”, diz. “A minha torcida por ela é infinita. Estarei nas trincheiras com Bella Campos, e foi bonito ver o elenco também se reunindo para protegê-la”, afirma Alice. Ela mesma já foi vítima, de outras formas, de comportamentos abusivos.
“Já fui chamada de incompetente na ginástica quando eu tinha 6, 7 anos. Um diretor uma vez gritou ‘essa menina é uma retardada, não consegue aprender a fazer tal coisa’”, lembra.
Alice também viveu a dor de um abuso sexual, assunto que abordará em um livro que deve chegar ao público em 2026. “O abuso não é o mote, mas o livro é uma forma de poder me expressar de uma maneira que vou me sentir confortável e inteira comigo mesma, com as minhas palavras”, adianta ela, que sentiu a necessidade de falar sobre o assunto após viver a Carolina, de Justiça 2, que passou pela mesma violência. A personagem foi um dos sucessos de Alice, que ao deixar a ginástica, foi para o teatro aos 11 anos, e depois para a televisão.
Em A Vida da Gente, trama de 2011, teve a certeza da vocação. “Ali eu entendi a seriedade da profissão e foi olhando para Marjorie Estiano que falei: ‘É isso que eu quero ser, é aí que eu quero chegar’”, conta ela. Alice, que ano que vem fará um projeto internacional na Itália, assume que teve, sim, a síndrome de impostora. “Mas eu sou uma pessoa mega responsável, não sou de atrasar no set, não sou de dar trabalho para ninguém. Então, modéstia à parte, eu acho que eu mereço”, pondera.
“Quando eu me vejo onde estou, nossa, não queria estar em nenhum outro lugar. É uma sensação de plenitude mesmo, de felicidade, de alegria, de estar presente no agora que eu tenho. Eu sou muito feliz com a minha carreira, com as minhas escolhas, com as oportunidades que me dão”, diz a atriz. Discreta em relação à vida pessoal, fala com franqueza sobre assuntos como transtorno alimentar que teve e os planos de um dia realizar o sonho de ser mãe. Atualmente ela vive um relacionamento com o empresário Luiz Guilherme Niemeyer. “Estou feliz, estou apaixonada”, assume.