Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2020
Após forte alta no fim do ano passado, o preço da carne recuou 4,03% em janeiro, informou nesta sexta-feira (7) o IBGE, ao divulgar o IPCA, índice de inflação usado nas metas do governo. Em dezembro, a carne havia subido 18,06%.
A disparada nos preços foi provocada por um aumento de exportações para a China, que sofreu uma forte escassez de proteínas após um surto de peste suína africana, que levou o país a abater grande parte de seu rebanho de porcos.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,21% em janeiro, abaixo da previsão dos analistas, que previam alta de 0,36%. Foi a menor variação para janeiro desde o início do Plano Real, ou seja, em 25 anos.
O que ajuda a explicar esse resultado foi a desaceleração do grupo de alimentação e bebidas, principalmente por conta do preço carnes. Também ajudou a conter a inflação a alta menor da gasolina e a queda no preço das passagens aéreas.
“A desaceleração em componentes do serviço também contribuiu para o resultado. Embora a economia esteja se recuperando, a gente não sente isso de forma proeminente dentro da inflação”, avaliou o gerente de índice de preços do IBGE, Pedro Kislanov.
Para o estrategista do Modalmais, Felipe Sichel, a baixa no preço da carne, somada a outros elementos como cuidados pessoais, pode impactar significativamente a projeção da inflação deste ano:
“Acho que essa combinação surpreende e vai levar a uma revisão das expectativas de inflação de 2020 para baixo. É um movimento que a gente já está observando no mercado.”
Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,19%. Em janeiro do ano passado, a taxa havia ficado em 0,32%.
O resultado de janeiro é o primeiro depois da mudança no cálculo, feito com base em uma nova cesta de produtos e serviços, apurada pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Streaming, Uber e pets
Para acompanhar mudanças nos hábitos dos brasileiros, o IBGE incluiu 58 novos produtos e serviços que ganharam relevância no consumo das famílias nos últimos anos, como transportes por aplicativo, como Uber, que ficaram 0,54% mais baratos em janeiro, e serviços de streaming de vídeo, cujos preços ficaram estáveis.
Entraram também no cálculo despesas com animais domésticos, que também ficaram mais baratas no primeiro mês do ano: -0,13% no caso dos gastos com tratamento dos pets e -0,19% nos custos de higiene. E até o consumo de macarrão instantâneo entrou na conta, com queda de 1,32% em janeiro.