Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2015
O diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, atribuiu a serviços de “tradução” de sua filha ou de “engenharia” do seu genro os 6 milhões de reais que empreiteiras e fornecedoras da estatal depositaram nas contas de sua empresa, a Aratec Engenharia.
A versão foi apresentada em depoimento prestado à PF (Polícia Federal) na quinta-feira. Silva foi preso na terça-feira na 16 fase da Operação Lava-Jato. Documentos da Receita Federal demonstram que a Aratec quadruplicou a receita a partir de 2009, depois que Silva assinou um aditivo com a Andrade Gutierrez no valor de 1,24 bilhão de reais.
Segundo a PF, a empreiteira depositou pelo menos 3,8 milhões de reais à empresa de Silva por meio de duas empresas de fachada. Ao longo do depoimento, o almirante apresentou a versão de que desconhecia detalhes das atividades da Aratec, embora tenha permanecido nos quadros da empresa por 15 anos, até o primeiro trimestre deste ano, quando surgiram as denúncias de irregularidades na Eletronuclear.
O militar disse que a Aratec trabalhava, até 2005, em serviços de consultoria em áreas diversas como infraestrutura, meio ambiente, geofísica e prospecção de jazidas. Ele também possuía outra empresa, a Área Geofísica, que, disse, foi contratada para obras de um oleoduto da Petrobras.
O almirante afirmou que “compunha equipes específicas para cada tipo de trabalho, não mantendo um staff fixo”. Silva, que tornou-se presidente da Eletronuclear em 2005, revelou que o convite partiu do então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau – amigo e aliado político do ex-presidente José Sarney (PMDB-MA) – e que, na ocasião, decidiu manter aberta a Aratec para sua filha Ana Cristina.
Questionado durante o depoimento por que a empresa estava vazia durante cumprimento do mandado de busca e apreensão da PF, o almirante disse acreditar que seja porque sua família estava viajando. (Folhapress)