A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende divulgar, até o fim deste ano, uma nova regulamentação voltada à aplicação de sanções a viajantes que apresentem comportamento inadequado durante os voos, informou o diretor-presidente da autarquia, Tiago Chagas Faierstein. De acordo com ele, a proposta prevê que esses indivíduos possam ser temporariamente proibidos de embarcar em aeronaves, como forma de coibir atitudes que comprometam a segurança e a ordem a bordo.
O projeto surge em meio a um cenário de aumento expressivo no número de incidentes envolvendo condutas agressivas ou desrespeitosas em aeroportos e durante as viagens. Um levantamento exclusivo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), divulgado pelo programa Fantástico, da TV Globo, apontou que os conflitos em terminais e aviões cresceram 87% entre janeiro e julho de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.
De acordo com os dados, foram contabilizadas 979 ocorrências neste ano, ante 523 registradas no anterior. Os episódios incluem tumultos, discussões, agressões físicas e danos materiais provocados por passageiros, muitas vezes isolados, mas cujas ações acabam impactando dezenas ou até centenas de pessoas. O aumento desses casos tem preocupado as companhias aéreas e os órgãos responsáveis pela aviação civil, que buscam medidas preventivas e educativas para reduzir a reincidência.
Na semana passada, um caso ocorrido no Paraná chamou a atenção. Um passageiro foi detido após fazer uma “piada” sobre bomba dentro de um avião prestes a decolar. Segundo informações da polícia, o homem insinuou a um membro da tripulação que havia um artefato explosivo em sua bagagem de mão, enquanto acomodava os pertences no compartimento superior. O comentário gerou alerta imediato e levou à evacuação da aeronave. O suspeito alegou posteriormente que a afirmação foi apenas uma brincadeira, mas acabou conduzido para prestar esclarecimentos.
Por precaução, a Azul Linhas Aéreas realocou os viajantes em outros voos. Após a verificação e a constatação de que não havia ameaça real, as operações do terminal foram retomadas normalmente. A Motiva, concessionária responsável pelo aeroporto, informou que outros voos não sofreram impacto.
Um episódio semelhante ocorreu em fevereiro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Um passageiro acionou o escorregador inflável traseiro de uma aeronave da Latam momentos antes da decolagem para Salvador (BA), provocando um atraso de quatro horas. O homem foi retirado do avião, e o equipamento precisou ser substituído antes que a viagem pudesse seguir.

