Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2017
Donald Trump foi eleito presidente dos EUA deixando claro que a imprevisibilidade seria uma das marcas de suas ações na Casa Branca, mas dando algumas indicações de como vê as relações do país com o resto do mundo, com foco no protecionismo comercial e na ideia de “América em primeiro lugar”.
Ao longo de sua campanha, o Brasil jamais entrou no radar de Trump, que só fez referências à América Latina ao falar do muro que pretende construir na fronteira com o México e questionar os termos de reaproximação diplomática com Cuba.
Para analistas, há riscos claros para o Brasil, sobretudo devido à retórica protecionista, mas também oportunidades, já que o país não entrou na lista de desafetos do novo presidente dos EUA e pode buscar avanços.
Embora a incerteza domine o começo do governo Trump, em termos de política comercial algumas diretrizes parecem claras, como a rejeição a acordos multilaterais no formato da Parceria Transpacífico (TPP), principal iniciativa de comércio internacional do presidente Barack Obama.
Por outro lado, Trump mostrou-se mais inclinado a negociar “acordos bilaterais justos, que tragam empregos e indústrias de volta aos EUA”, como disse em seu primeiro pronunciamento oficial após a vitória na eleição.
Isso poderia abrir possibilidades para que o Brasil negocie acordos com os EUA, ainda que permaneça vago o que Trump quer dizer com “acordos justos”. Seja como for, é um bom momento para o Brasil sair na frente e mostrar que está disposto a explorar oportunidades de cooperação com os EUA, acha Antonio Josino Meirelles, diretor-executivo do Brazil Industries Coalition, que representa empresas brasileiras nos EUA.
“É um momento importante para o Brasil apresentar seus interesses para o novo governo e o Congresso. Ainda não há clareza sobre os objetivos ofensivos da agenda comercial externa dos EUA, mas a história recente do diálogo comercial mostra avanços”, diz Josino Meirelles.
Para Leonardo Freitas, sócio da consultoria Hayman-Woodward, especializada em desenvolvimento de negócios nos EUA, um aspecto negativo nesta transição de poder é a tendência de que haja uma saída de investimentos do Brasil com o viés de alta dos juros nos EUA.
Mas ele concorda que há muitas áreas em que pode haver cooperação, e cita o interesse dos investidores americanos em áreas como energia renovável, educação, desenvolvimento de software e jogos eletrônicos e tecnologia espacial. “Estive com um pessoal do Rio Grande do Sul que está desenvolvendo drones para a Nasa”, afirma Freitas. (Folhapress)