Quarta-feira, 10 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2025
O uso indiscriminado de tadalafila e outros remédios para disfunção erétil está na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A curva de consumo dos medicamentos está em alta, e no último ano o tadala, como é conhecido popularmente, foi o quinto mais vendido do Brasil. O consumo é impulsionado pelo uso recreativo da droga, mas, sem indicação médica, pode causar efeitos colaterais graves, de acordo com a agência.
Ela publicou um novo alerta sobre a utilização de sildenafila (princípio ativo do Viagra), tadalafila, vardenafila, udenafila e lodenafila. No comunicado, a Anvisa sublinha que “as substâncias apresentam sérios riscos quando utilizadas fora das indicações da bula aprovada, em combinação com outros medicamentos como anti-hipertensivos ou substâncias ilícitas, ou em formulações não autorizadas, expondo os indivíduos a riscos clínicos e psicológicos significativos”.
Ela lista uma série de possíveis efeitos colaterais do uso descontrolado dos remédios para disfunção erétil. Confira:
eventos cardiovasculares graves, como infarto do miocárdio, morte súbita cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), dor no peito, palpitações e taquicardia;
hipotensão (diminuição da pressão sanguínea), principalmente se o paciente toma medicamentos para hipertensão;
hipertensão (aumento da pressão sanguínea) e desmaio;
ereção dolorosa e prolongada com mais de quatro horas de duração;
diminuição ou perda repentina da visão ou audição, às vezes com zumbido nos ouvidos e tontura.
Os remédios só podem ser comercializados com receita médica e não podem ser utilizados em outros formatos, como gomas e suplementos. Neste ano, a Anvisa flagrou e proibiu a goma Metbala, que levava tadalafila na composição. A Anvisa orienta que qualquer evento adverso no uso dos remédios seja comunicado a um médico e notificado no sistema VigiMed.
Como a tadalafida age?
A tadalafila é um inibidor seletivo da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), uma enzima encontrada predominantemente nas células musculares lisas do corpo cavernoso do pênis. Em 2024, por exemplo, foi o 3º medicamento mais vendido no Brasil, segundo a consultoria Close-Up International e a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos).
Segundo informações dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, da sigla em inglês), a PDE5 decompõe o monofosfato de guanosina cíclico (GMPc), que por sua vez é uma molécula crucial no processo vasodilatador, ou seja, que atua no fluxo sanguíneo.
O GMPc desempenha um papel vital no processo fisiológico da ereção, sendo sintetizado em resposta à liberação de óxido nítrico (NO) que ocorre durante a estimulação sexual. Níveis elevados de GMPc levam ao relaxamento das células musculares lisas do corpo cavernoso e à dilatação dos vasos sanguíneos, o que facilita o aumento do fluxo sanguíneo para o tecido peniano e gera a ereção.
Ao inibir a ação da PDE5, a tadalafila previne a degradação do GMPc, aumentando sua concentração no pênis, potencializando e prolongando seus efeitos vasodilatadores no pênis e facilitando a ereção.
Em outras palavras, quando existe um estímulo sexual, o fluxo sanguíneo para o pênis aumenta, o órgão se enche de sangue e, com isso, o homem tem a ereção. Nos casos de disfunção erétil, também conhecida como impotência sexual, isso não ocorre de forma adequada, e a ereção não é suficiente para a relação. Nesses casos, em que o homem tem dificuldade de iniciar ou manter a ereção, a tadalafila é indicada.
O remédio atua justamente para aumentar o fluxo sanguíneo necessário para que o pênis fique ereto quando o homem está sexualmente estimulado. A excitação é necessária para que o medicamento funcione, e a ereção termina ao fim da atividade sexual. Com informações dos portais O Tempo e O Globo.