Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2025
Quase uma em cada três mulheres – cerca de 840 milhões em todo o mundo – já sofreu algum episódio de violência doméstica ou sexual ao longo da vida. Apenas nos últimos 12 meses, cerca de 316 milhões de mulheres (11% delas com idade a partir de 15 anos) foram vítimas de violência física ou sexual praticada pelo parceiro.
Divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a estatística pouco mudou desde o ano 2000. “O progresso na redução da violência por parceiro íntimo tem sido dolorosamente lento, com uma queda anual de apenas 0,2% nas últimas duas décadas”, destaca o documento.
Pela primeira vez, o relatório inclui estimativas nacionais e regionais de violência sexual praticada por alguém que não seja o parceiro. É o caso de 263 milhões de mulheres com 15 anos ou mais, conforme ressalta a instituição: “Um número que, segundo especialistas, é significativamente subnotificado devido ao estigma e ao medo”.
A violência contra mulheres é uma das injustiças mais antigas e disseminadas da humanidade e, ainda assim, uma das menos combatidas, avalia o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que nenhuma sociedade pode se considerar justa, segura ou saudável enquanto tanta gente vive com medo:
“Acabar com a violência sexual contra mulheres não é apenas uma questão política, mas de dignidade, igualdade e direitos humanos. Por trás de cada estatística, há uma mulher ou menina cuja vida foi alterada para sempre. Empoderar mulheres e meninas não é opcional, é um pré-requisito para a paz, o desenvolvimento e a saúde. Um mundo mais seguro para as mulheres é um mundo melhor para todos”.
Riscos
A OMS alerta que mulheres vítimas de violência enfrentam gestações indesejadas, maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis e depressão. “Os serviços de saúde sexual e reprodutiva são um importante ponto de entrada para que as sobreviventes recebam o atendimento de alta qualidade de que precisam”.
O relatório destaca, ainda, que a violência contra mulheres começa cedo, e os riscos persistem ao longo da vida. Ao longo dos últimos 12 meses, 12,5 milhões de adolescentes com idade entre 15 e 19 anos (16% do total) sofreram violência física e/ou sexual praticada pelo parceiro.
“Embora a violência ocorra em todos os países, mulheres em países menos desenvolvidos, afetados por conflitos e vulneráveis às mudanças climáticas são afetadas de forma desproporcional”, ressaltou a OMS.
A Oceania, por exemplo, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, registrou uma taxa de prevalência de 38% de violência praticada por parceiro ao longo do último ano – mais de três vezes a média global, de 11%.
Apelo à ação
Conforme o relatório, mais países têm coletado dados para fundamentar políticas públicas de combate à violência contra a mulher, mas ainda existem lacunas significativas – sobretudo em relação à violência sexual praticada por pessoas que não são parceiros íntimos, e a grupos marginalizados como mulheres indígenas, migrantes e com deficiência.
Para acelerar o progresso global e gerar mudanças significativas na vida de mulheres e meninas afetadas pela violência, o documento apela para ações governamentais decisivas e financiamento com o objetivo de:
– Ampliar programas de prevenção baseados em evidências.
– Fortalecer serviços de saúde, jurídicos e sociais centrados nas sobreviventes.
– Investir em sistemas de dados para monitorar o progresso e alcançar grupos mais vulneráveis.
– Garantir a aplicação de leis e políticas que empoderem mulheres e meninas.
(com informações da Agência Brasil)