Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2015
Na queda de braço entre o mercado e o BC (Banco Central), a principal arma da instituição tem um poder de fogo que não pode ser desprezado. O Brasil integra atualmente a lista das dez maiores reservas cambiais do mundo. Com 370,8 bilhões de dólares de respaldo, o BC brasileiro só fica atrás das máquinas exportadoras asiáticas (China, Japão e Taiwan), da Arábia Saudita e suas gigantescas reservas de petróleo e da Suíça, que vem comprando franco maciçamente no mercado para evitar uma grande valorização de sua moeda em relação ao enfraquecido euro.
“O BC comprou reservas em momentos em que o dólar estava muito baixo. Faria sentido vender parte desse montante para segurar um pouco o câmbio”, afirmou Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimento.
Mas muitos analistas avaliam que a decisão de usar efetivamente as reservas – e não apenas ameaçar uma intervenção desse tipo – poderia ser arriscada. Desde 2009, o BC não vende dólares das reservas no mercado. Usá-las agora sinalizaria que a autoridade monetária perdeu o controle da situação. E mesmo 370 bilhões de dólares poderiam ser rapidamente queimados caso houvesse uma deterioração acentuada do quadro econômico e político do País.
Se as reservas internacionais do Brasil são elevadas, nas suas contas com o resto do mundo o País ainda apresenta déficit. Em agosto, o rombo nas contas externas – que incluem todas as trocas de bens, serviços e recursos com o exterior – foi de 2,5 bilhões de dólares. Mas, nesse flanco, a vulnerabilidade ficou menor: o déficit externo caiu 65% nos últimos 12 meses. Por isso, segundo analistas, a maior fragilidade do País atualmente é mesmo o déficit fiscal e a elevada dívida pública. (AG)