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Geral Após derrota no Congresso Nacional e em meio a críticas de parte do setor produtivo, o ministro da Fazenda definiu o Brasil como uma “encrenca”

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Após dura derrota no Congresso Nacional e em meio a críticas de parte do setor produtivo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, definiu o Brasil como uma “encrenca” e um “negócio difícil de administrar”. Segundo o chefe da equipe econômica, figuras públicas em posição de poder, como políticos e grandes empresários, às vezes não fazem a coisa certa pelo País.

“Às vezes, quem está em uma posição de poder não está fazendo a coisa certa pelo País. Isso é a coisa mais triste da vida pública”, disse o ministro durante evento promovido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL), em São Paulo. “Quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando no interesse público, e devia estar, né? Porque está em uma posição de poder, ou porque é um grande empresário ou porque é um político com mandato.”

O ministro questionou: “essas pessoas não estão pensando no País?”. Para ele, essa é a coisa mais difícil de se lidar na vida pública. Durante a fala, Haddad foi interrompido por gritos de “Fora, Lira”, que vinham da plateia e faziam referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O ministro também se ressentiu do que considerou ser uma falta de diálogo no dia a dia da capital federal. “Quando a gente vai para Brasília, a gente não dialoga com o serviço público, propriamente dito. A gente vai lá se defender do que está acontecendo”, afirmou.

“A todo momento, você fica apreensivo: que lei vão aprovar? O que vão fazer? Que maluquice é essa? O que estão falando? Por que não se dedicam a coisas sérias, que vão mudar a vida das pessoas? Para que essa espuma toda para criar cizânia na sociedade e briga na família?”, questionou Haddad.

Na última semana, o ministro sofreu a sua mais dura derrota no Congresso, em um cenário de crescente desconfiança fiscal e de piora nos preços dos ativos financeiros. Na terça-feira, 11, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu ao governo a maior parte da medida provisória que limitava a compensação de créditos do PIS/Cofins e onerava, sobretudo, o agronegócio e os exportadores.

O texto, que tinha o objetivo de compensar a desoneração da folha dos 17 setores que mais empregam no País e dos municípios, irritou lideranças empresariais, que alegam estar arcando com a maior parte do ajuste fiscal do governo sem que o Executivo faça a lição de casa e revise as suas despesas.

Também na última semana, a Câmara aprovou urgência para um projeto que equipara ao crime de homicídio o aborto realizado após 22 semanas de gestação, mesmo quando a mulher tenha sido vítima de estupro – em uma iniciativa de enfrentamento ao Supremo Tribunal Federal (STF) e impondo nova derrota ao governo.

Em meio às pressões crescentes, Haddad e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fizeram um discurso na quinta-feira, 13, em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos, que ainda não saiu do papel.

O coro foi reforçado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. No sábado, em uma mudança de tom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também corroborou a mensagem, afirmando que está disposto a rediscutir os gastos do governo, desde que isso não prejudique os mais pobres – em referência aos pisos da educação e da saúde.

O presidente disse ter solicitado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião do conselho orçamentário nesta semana para discutir as despesas públicas. Costa integra a Junta de Execução Orçamentária (JEO), colegiado também composto por Haddad e as ministras Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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