Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2019
O governo brasileiro reagiu às declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a internacionalização jurídica da Amazônia e, por meio do porta-voz Otávio do Rêgo Barros, disse que a soberania do país não está em discussão.
Ele afirmou que sobre a floresta localizada no território nacional falam apenas o Brasil, suas Forças Armadas e sua sociedade. “Não há discussão sobre a soberania do País. Outra pergunta”, respondeu, de forma ríspida, Rêgo Barros, ao ser questionado sobre a fala de Macron.
A resposta à imprensa foi dada na saída do Ministério da Defesa, onde Bolsonaro se reuniu com ministros para discutir a crise envolvendo a Amazônia Legal. O presidente deixou o local sem falar com os repórteres. Em outro momento, o porta-voz foi indagado se o governo brasileiro não via como uma afronta a declaração do presidente francês, que, mais cedo, disse que o debate sobre internacionalização da Amazônia está “em aberto”.
“Sobre a Amazônia brasileira falam o Brasil, as suas Forças Armadas e, mais do que o Brasil e suas Forças Armadas, a sua sociedade, que são suas forças armadas não fardadas”, disse Rêgo Barros.
A declaração de Macron foi dada durante o anúncio para um acordo de US$ 20 milhões (pouco mais de R$ 80 milhões) para uma ajuda emergencial contra as queimadas na Amazônia, no último dia do encontro do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), em Biarritz, na França. Ao ser questionado se o governo brasileiro aceitará a oferta de ajuda internacional, o porta-voz disse que a decisão caberá ao Ministério das Relações Exteriores.
“Crise fabricada”
Em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo – que também participou da reunião com Bolsonaro nesta segunda-feira (26) – sinalizou que o governo poderá não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.
Segundo o ministro, “está muito evidente o esforço, por parte de algumas correntes políticas, de extrapolar questões ambientais reais transformando-as em uma ‘crise’ fabricada, como pretexto para introduzir mecanismos de controle externo da Amazônia”. “O Brasil não aceitará nenhuma iniciativa que implique relativizar a soberania sobre o seu território, qualquer que seja o pretexto e qualquer que seja a roupagem”, escreveu o Araújo.
Na publicação, o chanceler criticou Macron, afirmando que ele não conseguiu “não conseguiu emplacar sua ideia de uma ‘iniciativa para a Amazônia” no comunicado do G7. Segundo Araújo, o francês a apresentou para a imprensa para “dar a impressão de que foi consenso dos países do grupo”. “Ninguém precisa de uma nova ‘iniciativa para a Amazônia’, como sugere o presidente Macron, quando já existem no âmbito da Convenção do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas) vários mecanismos para financiar o combate ao desmatamento e o reflorestamento”, escreveu.