Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2024
A diplomacia brasileira está atuando de forma distante e indireta na articulação para conter um contra-ataque de Israel contra o Irã, a partir das movimentações do fim de semana. Segundo diplomatas, o Brasil está instando os países que têm abertura de diálogo com Israel para fazer frente a um possível contra-ataque israelense.
As relações entre Brasil e Israel ficaram estremecidas em fevereiro, quando após o presidente brasileiro comparar ações de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra. Em resposta, Israel declarou Lula “persona non grata”, expôs o embaixador brasileiro e escolheu uma forma inusual de decidir mostrar contrariedade com o chefe do Executivo, fazendo tudo em público.
Com isso, o Brasil decidiu que não terá protagonismo nesse debate – ou seja, vai ativar seus instrumentos diplomáticos de uma forma mais indireta.
Novas críticas
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, criticou a posição do Itamaraty sobre o ataque do Irã contra o país no sábado e afirmou esperar a condenação do governo brasileiro diante o conflito.
A nota também foi criticada por organizações israelenses no Brasil, como o Instituto Brasil-Israel, que afirmou que, enquanto a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) se manifestaram de maneira firme, o Brasil “preferiu abdicar de uma posição firme, não condenou os ataques, não se solidarizou com as famílias israelenses e optou por dar margem para dúvidas sobre o que se passou na madrugada de ontem”.
A declaração, divulgada ainda no sábado a noite, afirmava que “o governo brasileiro acompanhava os relatos de envio de drones e mísseis do Irã para Israel “com grave preocupação”, apelando para que todas as partes envolvidas “exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”.
Nessa segunda, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou que, no momento em que a nota foi produzida, ainda não estava evidente qual era a extensão do ataque iraniano contra Israel.
“A nota foi feita à noite, às 11 horas da noite, quando todo o movimento começou. E nós manifestamos o temor de que o início da operação pudesse contaminar outros países. Mas isso foi feito à noite no momento que não tínhamos claro a extensão, ou o alcance, das medidas tomadas e fizemos, como fazemos sempre, um apelo para contenção e entendimento entre as partes”, destacou.
Retaliação
A ofensiva do Irã é uma retaliação ao ataque israelense contra a embaixada iraniana na Síria no início do mês – veja aqui a cronologia do caso. Rivais de longa data, Israel e Irã travam um duelo sangrento cuja intensidade varia conforme o momento geopolítico. Teerã é contra a existência de Israel, que, por sua vez, acusa o país inimigo de, movido pelo antissemitismo, financiar grupos terroristas. Com a guerra em Gaza, a situação só piorou.
Militares do Irã ameaçaram uma ofensiva ainda maior se Israel contra-atacar. O governo iraniano também disse que pode atingir bases dos Estados Unidos caso Washington apoie uma retaliação israelense.