Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2021
Após um leilão com arrecadação bilionária em aeroportos, o governo federal promoveu um certame no setor de ferrovias, que historicamente enfrenta problemas e baixos níveis de investimentos. O evento será um importante teste em relação à atratividade do setor no País.
Sem concorrentes, a Bahia Mineração S.A. (Bamin) venceu o leilão de concessão de um trecho de 537 quilômetros da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, a Fiol 1,localizado entre as cidades de Ilhéus e Caetité, na Bahia. A Bamin ofereceu o valor mínimo de outorga exigido pelo edital de concessão, que era de R$ 32,7 milhões.
A Bamin é dona da mina Pedra de Ferro e desenvolve um projeto de terminal portuário em Ilhéus – o Porto Sul. Foi o segundo dia da semana de leilões de concessões, a infra Week, promovida pelo governo federal na B3, em São Paulo. Com a concessão de 22 aeroportos, o governo federal arrecadou R$ 3,3 bilhões em outorgas, um ágio médio de 3.822% em relação aos valores exigidos no edital. Os investimentos previstos totalizam R$ 6,1 bilhões.
Para o economista Ricardo Jacomassi, sócio da consultoria TCP Partners, a baixa concorrência no leilão do trecho da Fiol 1 já era esperada. Era natural que a Bamin fosse a única interessada, já que possui projetos na região.
“A surpresa seria se a Bamin não ganhasse. O trecho da ferrovia era muito específico direcionado para um interessado. E, sem concorrência, a empresa deu o lance mínimo”, disse Jacomassi.
Para ele, o que importa nessa concesassão, não é o valor da outorga, mas sim os investimentos de mais de R$ 3 bilhões previstos, que vão dinamizar Ilhéus e a região, disse Jacomassi. A Bahia Mineração era a principal interessada no trecho da rodovia, por ter a mina de minério de ferro na região. A empresa ficará responsável pela finalização das obras e operação do trecho.
Pelo menos 75% das obras estão concluídas e os outros 25% serão bancados pela Bamin, que já tem um contrato com a Valec, braço do governo federal para a construção e operação de ferrovias. A concessão tem prazo de 35 anos. Os investimentos previstos são de R$ 3,3 bilhões e a expectativa é de criação de 55 mil empregos diretos e indiretos.
De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que promoveu o leilão, a Fiol 1 deve começar a operar em 2025, transportando mais de 18 milhões de toneladas de carga, entre grãos e, principalmente, o minério de ferro produzido na região de Caetité.
A construção da ferrovia começou em 2010 e deveria ter terminado em 2014. Mas, por falta de recursos federais, a obra foi paralisada.
Recursos próprios
Eduardo Ledsham, presidente da Bamin, disse que os recursos para investimento e pagamento de outorga virão do caixa da empresa.
A Bamin é a subsidiária brasileira do Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão, e está há 16 anos no Brasil. Está presente em 15 países, e tem mais de 75 mil funcionários. A ERG atua em mineração, metais e logística, além de operar ferrovias.
A mina Pedra de Ferro, da Bamin, é um projeto de extração de minério de ferro e manganês com prazo de 25 anos nos municípios baianos de Caetité e Pindaí.
Ele disse que a ferrovia tem capacidade para transportar 60 milhões de toneladas/ano e a Banim vai utilizar 18 milhões. O restante, disse Ledsham, estará à disposição para outras cargas, o que rentabiliza o investimento.
A expectativa do governo é que a Fiol se consolide como um corredor logístico de exportação para o escoamento de minério de ferro de Caetité, além da produção de grãos e minério do Oeste da Bahia, com a concessão da Fiol 2, entre Caetité (Bahia) e Barreiras (Bahia), que já tem obras em andamento, e a Fiol 3, de Barreiras (Bahia) a Figueirópolis (Tocantis), que aguarda licença de instalação por parte do Ibama.
Esse corredor de escoamento terá um total de 1.527 quilômetros de trilhos, ligando o porto de Ilhéus, no litoral baiano, ao município de Figueirópolis, ponto em que a Fiol se conectará com a Ferrovia Norte-Sul e o restante do país.