Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2018
A ex-estagiária da Casa Branca que manteve relações sexuais com o então presidente Bill Clinton no fim da década de 1990 — o que chegou a ameaçar o cargo do mandatário na época, após a discussão de um processo de impeachment — irritou-se nesta terça-feira (4), em Israel, depois de ser perguntada sobre o caso em uma entrevista.
Monica Lewinsky atua hoje em dia como uma ativista antibullying e iria participar de um evento patrocinado por uma TV israelense, supostamente respondendo a perguntas sobre perigos das redes sociais. Antes que pudesse falar de seu trabalho atualmente, no entanto, ela foi perguntada se ainda esperava que Clinton lhe fizesse um pedido pessoal de desculpas. A ex-estagiária se irritou abruptamente, levantando-se e se retirando do palco, não antes de protestar: “Me desculpe, mas não vou poder participar disso”, afirmou ela, saindo.
Em junho, o ex-presidente da NBC foi perguntado se considerava um pedido de desculpas para Monica. Na ocasião, Clinton afirmou que, desde o caso, há vinte anos, não falou mais com a ex-estagiária. “Não, nunca mais falei com ela, mas eu já me desculpei publicamente mais de uma vez”, disse ele.
No Twitter, a ex-estagiária chegou a comentar o motivo de ter abandonado a entrevista: “Haviam parâmetros muito claros sobre o que seria colocado em discussão e o que não seria. Na verdade, essa mesma pergunta foi feita pela entrevistadora para mim quando nos encontramos no dia anterior. Na ocasião, disse que a questão estava fora de pauta. Eu saí do palco porque, mais do que nunca, é importante que mulheres consigam falar por si mesmas e não deixem que outras pessoas controlem suas narrativas”, disse ela na rede social.
Em resposta, a Israel News Company, que patrocinou o evento e emprega a entrevistadora, disse que honrou todos os seus acordos com ela e seus pedidos. “Acreditamos que a pergunta feita no palco foi legítima e respeitosa, e que certamente não vai além dos pedidos de Monica e não desrespeita nenhum limite”, afirmou em um comunicado.
Bullying
Monica Lewinsky tem uma perspectiva única sobre o bullying. Não é para menos. Há cerca de 20 anos, ela protagonizou um escândalo presidencial, quando a sua relação com Bill Clinton foi parar às primeiras páginas dos jornais. O escrutínio foi intenso. As manchetes também. Seguiu-se o silêncio inevitável, que só mais recentemente foi quebrado quando ela voltou à esfera pública para juntar-se ao movimento #MeToo, lançado por mulheres vítimas de assédio sexual. O trabalho de ativista não ficou por aqui: a norte-americana deu também a cara por uma campanha contra o cyberbullying, a mesma que lhe garantiu nomeação para um prêmio Emmy.
A campanha de sensibilização In Real Life é um retrato duro sobre a forma como os insultos partilhados nas redes sociais impactam as pessoas. O vídeo com pouco mais de dois minutos mostra diferentes situações em que pessoas são insultadas, seja pela sua orientação sexual, cor de pele ou aspeto físico. Todas as trocas de insultos são representadas por atores. Todas os indivíduos em redor, que chegam a intervir para defender as vítimas e confrontar quem faz bullying, são pessoas reais. “Este comportamento não é aceitável na vida. Então, porque é que é normal online?”, é a pergunta que aparece mesmo no final do vídeo.
