Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2022
Um dia após o primeiro-ministro britânico Boris Johnson renunciar à liderança do Partido Conservador, a disputa pelo cargo – e pelo comando do Reino Unido – ganha fôlego. Enquanto correligionários anunciam o lançamento de suas candidaturas, fica cada vez mais claro que as vozes críticas ao premier demissionário não conseguirão removê-lo antes de o processo de escolha do seu sucessor chegar ao fim em algumas semanas.
O calendário da disputa conservadora será divulgado na segunda-feira, mas os nomes já despontam. Um dos primeiros a se pronunciar foi Rishi Sunak, o ex-ministro do Tesouro cuja renúncia na terça foi uma das que catalisaram a insatisfação que levou à debandada de quase 60 integrantes do governo em menos de 48 horas. A sangria provou-se o golpe fatal para o premier, já pressionado por uma série de escândalos.
“Estou concorrendo para ser o novo líder do Partido Conservador e seu primeiro-ministro”, tuitou Sunak, que recebeu quase de imediato o apoio dos deputados Laura Trott e Mark Harper, os primeiros endossos da disputa conservadora.
Em uma gravação também compartilhada nas redes sociais, Sunak afirmou que deseja “guiar o país na direção certa” e que “alguém precisa tomar as rédeas neste momento e tomar a decisão certa” para que os britânicos tenham “um futuro melhor”. Indicou, ainda, que, se eleito, sua plataforma será centrada na disciplina fiscal:
“Vamos enfrentar este momento com honestidade, seriedade e determinação?”, indagou. “Ou vamos contar a nós mesmos contos de fadas reconfortantes que podem ajudar no momento, mas deixarão um futuro pior para nossos filhos?”, disse ele, que também ressaltou valores familiares.
A aposta do agora ex-ministro, que se provou acertada, era que o rompimento com Boris causaria um cataclisma no governo britânico e o catapultaria como um dos favoritos para sucedê-lo na liderança do partido governista. O filho de imigrantes indianos é atualmente o favorito na disputa, segundo a casa de apostas Ladbrokes – e, se escolhido, seria o primeiro descendente de asiáticos a comandar o Reino Unido.
O ex-ministro do Tesouro renunciou quase simultaneamente ao seu amigo Sajid Javid, ministro da Saúde e outro nome bem cotado para a sucessão. Até pouco antes de abandonar o cargo, no entanto, a dupla defendia publicamente o premier na sucessão de crises que há meses o faziam andar na corda bamba, complicadas por uma economia que sofre os impactos do Brexit, o divórcio britânico da União Europeia.
Boris era pressionado para que deixasse o poder de imediato, mas conseguiu uma vitória derradeira com sua permanência interina. Para isso, nomeou um novo Gabinete e concordou em não tomar medidas políticas ou econômicas que representem grandes guinadas, deixando as decisões maiores para o novo premiê.
Quadros críticos no partido passaram o último dia buscando vias alternativas de tirá-lo de imediato, acusando-o de ser moralmente inapto para governar o Reino Unido. Defendiam a indicação de um líder temporário ou que o processo de escolha do sucessor fosse acelerado. Nesta sexta, contudo, tudo indica que o grupo perdeu a batalha.
A oposição trabalhista, por sua vez, planeja um voto de desconfiança no governo, mas não deve conseguir votos suficientes entre os conservadores porque isso desencadearia uma nova eleição. Os parlamentares do partido governista resistem a um pleito antecipado, já que estão atrás nas pesquisas e provavelmente perderiam a maioria.
A Comissão de 1922, o órgão responsável por determinar as regras eleitorais conservadoras, elegerá novos integrantes na segunda-feira e, então, anunciará quais serão as regras exatas da disputa pelo comando da legenda. A tendência, contudo, é que seja um processo bastante similar ao atual.
Pelos termos vigentes, os 358 integrantes do partido no Parlamento enxugarão a vasta lista de candidatos para dois, algo que deve acontecer até o dia 21 deste mês, quando começa o recesso de verão (no Hemisfério Norte). Em seguida, os 180 mil britânicos filiados ao Partido Conservador votarão para eleger seu novo líder. A expectativa é de que o processo já esteja concluído em 5 de setembro, quando o recesso de verão boreal chega ao fim. As informações são do jornal O Globo.