Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2018
O médium João de Deus prestou depoimento por três horas no domingo (16), após se entregar à Polícia Civil, e rebateu as acusações de abuso sexual. De acordo com o delegado-geral André Fernandes, ele apresentou versões e explicações para as denúncias das mulheres que dizem que foram abusadas sexualmente pelo médium durante atendimentos espirituais. A defesa afirma que tem “sérias dúvidas sobre os depoimentos” das vítimas.
O líder religioso se entregou às 16h20min de domingo em uma estrada de terra em Abadiânia (GO). Depois de prestar depoimento na Delegacia Estadual de Investigações Criminais, ele passou por exames no Instituto Médico Legal e seguiu para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Conteúdo do interrogatório do médium
O delegado-geral não detalhou o conteúdo do interrogatório do médium. “Trata-se de informação sensível, é um caso delicado. Mas ele apresentou versões, explicações para os casos”, disse.
Fernandes explicou ainda que o interrogatório se limitou apenas às denúncias de abuso. “Vamos confrontar o que ele falou com as provas que temos e com os depoimentos colhidos e analisar tudo. Devemos ouvir ele uma segunda vez, mas primeiro precisamos fazer esses comparativos”, explicou.
O delegado disse que deve se encontrar com representantes do Ministério Público, que já recebeu mais de 300 denúncias, para compartilhar informações.
Dúvidas sobre os depoimentos
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, disse que tem “sérias dúvidas sobre os depoimentos incriminatórios”. “Tivemos acesso a parte dos depoimentos e sem fotos das vítimas, então alguns casos ele não se lembra. E tem relatos de mulheres que dizem ter sido abusadas e voltaram lá outras vezes. Então, é preciso escrutinar tudo com calma para que não haja um linchamento”, explicou.
O defensor disse ainda que o médium alega inocência e que acredita que isso é uma armação contra ele. “O senhor João acha que tem gente que o quer destruir”, completou.
Segundo o delegado-geral, ainda não há como definir exatamente por quais crimes João de Deus vai responder porque os depoimentos tratam de crimes distintos. “De maneira geral, são crimes contra os costumes mediante fraude”, disse.
Dinheiro
Sobre a movimentação de R$ 35 milhões nas contas de João de Deus, o advogado explicou que não houve nenhum saque. “Não houve nenhuma movimentação. Ele simplesmente baixou as suas aplicações para fazer frente às necessidades dele. O que se reputou que seria dinheiro para ele poder fugir cai por terra quando ele se apresenta. Ele se apresentou dando mostras claras de que respeita a Justiça e o Poder Judiciário e por isso está à disposição”, explicou.