Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2021
Por meio de acordo coletivo válido por dois anos, os funcionários da fábrica de calçados Zenglein, de Novo Hamburgo (Vale do Sinos), obtiveram livre acesso ao banheiro da empresa. A medida foi intermediada pelo sindicato local da categoria, depois que uma trabalhadora urinou-se por ter sido impedida de ir ao sanitário durante o expediente.
Colegas também relataram que a industriária sofreu constrangimento devido ao fato de estar com a calça molhada quando passou pela equipe, em direção ao departamento de recursos humanos da firma. Para piorar a situação, ela foi autorizada a ir para casa mas precisou percorrer o trajeto a pé, durante meia hora, já que a empresa não forneceu transporte.
As tratativas para o acerto chegaram ao fim com a assinatura do acordo por ambas as partes, em assembleia realizada no pátio da empresa pelo Sindicato das Sapateiras e dos Sapateiros de Novo Hamburgo. O documento assegura o direito de utilizar o sanitário sempre que for preciso, desde o início até o fim do expediente.
Em junho, a entidade representativa da categoria havia encaminhado uma notificação extrajudicial à Zenglein, com cópia para o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), a fim de que a empresa se manifestasse sobre o episódio. A solução foi negociada ao longo de duas semanas, período durante o qual funcionárias chegaram a realizar protesto em frente à indústria.
Recentemente, a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa aprovou o pedido da deputada estadual Luciana Genro (Psol) para realização de audiência pública sobre o assunto. Na foco da iniciativa, as restrições ao uso dos sanitários pelos trabalhadores da indústria calçadista gaúcha.
Alegações
Por meio de nota à imprensa, a direção da empresa – fundada em 1966 – argumentou que a ida ao banheiro é autorizada, desde que feita solicitação para tal finalidade, pois o trabalho na fábrica de calçados envolve uma esteira contínua na linha de produção. “Os banheiros não são trancados e não há horário previsto para o seu uso”, frisou.
Também garantiu que o fato foi isolado e não ocorreu de forma intencional por parte da chefia: “A funcionária informou sobre a sua necessidade de ir ao banheiro para sua supervisora, que lhe pediu para aguardar um substituto. Antes que ele chegasse, ocorreu o incidente”.
Medidas
A Zenglein disse, ainda, que lamenta o ocorrido e está prestando todo o auxílio necessário à colaboradora, além de promover mudanças para evitar a reincidência do problema. O plano abrange reuniões periódicas com a categoria, novos banheiros próximos à linha-de-montagem e ampliação da equipe para permitir substituições temporárias.
O acordo formalizado entre as partes detalha que para cada grupo de 25 trabalhadores na esteira haverá um funcionário adicional, justamente para fazer a substituição temporária de quem precisa se dirigir ao sanitário.
Além disso, esse tipo de atividade terá um intervalo de dez minutos por turno, que serão usufruídos de forma como a pessoa achar melhor. Essa pausa não eliminará o direito a outras saídas temporárias para quem precisa aliviar necessidades fisiológicas.
(Marcello Campos)
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