Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2022
Dizem que os opostos se atraem. Pode acontecer até no espectro político. Em 2014, Giorgia Meloni estava faminta em um estúdio de TV, onde esperava para ser entrevistada. Ela começou a comer uma banana. Na volta do intervalo, ela ainda segurava a fruta. O apresentador Andrea Giambruno a arrancou de sua mão antes que a câmera flagrasse a cena.
Foi assim que nasceu a paixão da política de direita e do jornalista de esquerda. Após o primeiro contato nada romântico, passaram a se encontrar discretamente e logo estavam namorando.
Não se casaram oficialmente, mas vivem como marido e mulher. Têm uma filha, Ginevra, de 6 anos. Desde domingo (23), Giorgia é a primeira-ministra da Itália. A primeira mulher a ocupar o cargo.
Aos 45 anos, a líder do partido Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália) é classificada como pós-fascista por suas ideias conservadoras.
De pensamento progressista, Andrea Giambruno, de 41, passou a ser chamado de ‘primeiro-cavalheiro’ do País. Ele recebe elogios pela beleza, o carisma e o apoio à mulher, apesar das diferenças ideológicas.
Ainda que exposto na mídia, o apresentador de telejornal evita comentar a respeito de seu relacionamento. Tenta preservar a família de fofocas. Certa vez, não resistiu a fazer uma piada. “Sinto saudade de ver Giorgia comendo aquela banana.”
Ele diz que a prioridade será cuidar da filha enquanto a mulher comanda o governo. Quer também continuar seu trabalho na empresa de comunicação Mediaset, de propriedade do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, um rival de Giorgia Meloni dentro da direita italiana.
1º discurso
Giorgia fez de seu primeiro discurso ao Parlamento nesta terça-feira (25) um espaço para negar vínculos com o fascismo — a despeito da origem histórica de seu partido e das posições por vezes extremas dos líderes da coalizão de ultradireita que a levou a chefiar o governo.
“Nunca senti qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos. Por nenhum regime, incluindo o fascismo”, disse ela, acrescentando que considera as leis antissemitas implementadas pelo ditador Benito Mussolini no fim dos anos 1930 “o ponto mais baixo da história italiana, uma vergonha que manchará nosso povo para sempre”.
Ainda aos 15 anos, a política ingressou na seção juvenil do Movimento Social Italiano, partido fundado em 1946 por membros da parte final do regime de Mussolini. O logo de sua atual legenda, o Irmãos da Itália, tem uma chama com as três cores da bandeira — também herança fascista — e integrantes que até hoje comemoram datas ligadas ao movimento.
Como esperado, a premiê abordou vários temas das políticas interna e externa da Itália – seu discurso tinha 16 páginas e durou mais de uma hora, segundo o jornal Corriere della Sera. A primeira mulher a assumir o governo do país voltou a prometer que manterá a linha dura da União Europeia contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, defenderá sanções contra Moscou e seguirá apoiando a Ucrânia na guerra.