Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Renato Zimmermann | 21 de novembro de 2025
O Monitor de Energia promete revolucionar a transparência do setor energético brasileiro
Foto: DivulgaçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Ao longo da COP30, este colunista buscou pautas e debates sobre transição energética. Foi na Arayara que encontrei discussões de alto nível: sobre os oceanos, o tratamento de resíduos, o Direito Ambiental e a justiça social. Mas o que mais me encheu de orgulho foi ver uma entidade que há décadas luta contra os combustíveis fósseis com resultados concretos.
Graças à Arayara, o projeto Minas-Guaíba — uma mega termelétrica a carvão planejada a menos de 30 km de Porto Alegre — foi engavetado. A decisão evitou a contaminação do ar e mostrou-se ainda mais acertada quando, em 2024, a área prevista para instalação foi alagada pela enchente histórica. A mesma entidade conseguiu barrar gasodutos e termelétricas em Brasília, uma vitória histórica para a capital. Outras grandes lutas incluem campanhas contra o fracking no Paraná e em estados do Centro-Oeste, a defesa dos territórios indígenas frente à mineração e petróleo, e a atuação internacional em organismos como a International Seabed Authority e a International Maritime Organization.
Fundada por cientistas, engenheiros e ambientalistas, a Arayara tem como diretor-presidente Juliano Bueno de Araújo, engenheiro ambiental e doutor em energias renováveis, e conta com a liderança de Nicole Oliveira, diretora executiva e especialista em litigância climática. A entidade organiza campanhas em toda a América Latina e já impactou positivamente a vida de milhões de pessoas.
O lançamento do Monitor de Energia
No dia 20 de novembro, a Arayara apresentou em Belém o Monitor de Energia, ferramenta que promete revolucionar a transparência do setor energético brasileiro. Foram dois anos de investimentos, coleta e tratamento de dados por especialistas até chegar a esta plataforma digital.
O funcionamento é simples e poderoso: qualquer cidadão poderá acompanhar em tempo real empreendimentos energéticos. Se uma termelétrica, usina nuclear ou gasoduto tiver um pedido de licença ambiental protocolado, o sistema informará imediatamente. Isso permite que comunidades potencialmente afetadas acompanhem o processo desde o início, evitando que decisões sejam tomadas de forma escusa ou maquiada.
O Monitor consolida bases oficiais e independentes, incorpora indicadores próprios como estimativas de emissões atmosféricas e oferece acesso público a informações sobre geração, consumo e impactos ambientais. É uma inovação única, que marca uma nova era da transição energética: limpar a matriz energética, substituindo carvão, óleo, gás e diesel por fontes limpas como o sol, o vento e a biomassa.
Um legado para além da COP30
A COP30 foi mais aberta, chamando a sociedade civil para a ação. Nesse cenário, a Arayara brilhou ao mostrar que já está nesta jornada há décadas. Sua atuação em Belém, trazendo especialistas e organizando debates, reforçou que a transição energética não é apenas um tema técnico, mas uma questão de justiça social e ambiental.
O lançamento do Monitor de Energia é mais do que uma ferramenta: é um marco. Representa transparência, integridade e compromisso de governos e investidores. Mostra que a sociedade civil organizada pode oferecer soluções concretas e inovadoras.
A Arayara foi um dos grandes destaques da COP30. Suas vitórias contra combustíveis fósseis, sua agenda de trabalho e o lançamento do Monitor de Energia consolidam seu papel como guardiã da transição energética e da justiça climática. Este colunista seguirá acompanhando seus passos, certo de que o legado deixado em Belém será duradouro e transformador.
* Renato Zimmermann, desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.