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Economia Argentina com preços de Dubai: por que o país vizinho ficou tão caro

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A Argentina se tornou um dos países mais caros da região. (Foto: Reprodução)

Em 2023, último ano de mandato do ex-presidente peronista Alberto Fernández (2019-2023), chilenos, brasileiros e uruguaios, entre outros, invadiram a Argentina aproveitando os preços baratos que o país oferecia aos turistas estrangeiros.

Hoje, a situação se inverteu: a Argentina se tornou um dos países mais caros da região e, nas palavras do analista de consumo Osvaldo Del Río, diretor da empresa de consultoria Scentia, “o Chile voltou a ser um grande shopping center para os argentinos”.

O presidente Javier Milei mantém sua alta popularidade, indicadores macroenômicos melhoraram e a inflação teve uma queda abrupta, mas o custo de vida mantêm-se muito elevado, especialmente para a classe média, com aumentos de preços de alimentação fora de casa, serviços públicos, planos de saúde e mensalidades escolares, por exemplo.

Segundo dados publicados pelo jornal Âmbito Financeiro, 76% dos argentinos reduziram a ida a bares e restaurantes nos últimos meses. Antes da chegada de Milei ao poder e da implementação de seu plano de ajuste e estabilização da economia, em dólares os argentinos gastavam pelo menos a metade do gastam hoje. Em alguns casos, três vezes menos.

Tito Nolazco é gerente de Assuntos Públicos para a América Latina da empresa de consultoria Prospectiva. Ele vive com sua namorada, a cientista política Samantha Olmedo, e ambos têm a sorte de não pagar aluguel. Mesmo assim, admite, nos últimos tempos foi necessário cortar, por exemplo, programas como comer fora:

“Se antes conseguíamos gastar US$ 25 os dois, hoje o mais barato que conseguimos é US$ 50. As férias serão mais austeras, e tudo o que puder ser ajustado será, até que o pêndulo argentino volte a se equilibrar.”

De acordo com a Fundação Ecosur da Bolsa de Comércio de Córdoba, encher um carrinho de supermercado na Argentina custa hoje US$ 557, valor superado apenas pelo Uruguai, onde devem ser desembolados US$ 646. No México, que ficou em terceiro lugar, o valor caiu para US$ 547, e no Chile, para US$ 502.

Para Nolazco, como para todos os integrantes das classes média e média alta argentinas, os custos que mais aumentaram foram os das tarifas de serviços públicos e planos de saúde. No caso de famílias com filhos, as mensalidades escolares e de faculdades públicas também subiram de forma expressiva.

O jeito é “apertar o cinto”, diz o pequeno empresário Leonardo Politi, que tem três antiquários no bairro de San Telmo. Ele deixou de viajar para o exterior, usa dinheiro de sua poupança em dólares para cobrir despesas, raramente vai ao teatro ou cinema, e comer fora, nem pensar.

“Se antes fazia algum programa uma vez por semana, agora posso ficar três meses sem sair. Controlo o gasto de gasolina, apago as luzes em casa e deixei de pagar o plano de saúde anualmente porque o valor triplicou”, conta Politi.

Cidade dos cafés, um capuccino em Buenos Aires custa entre US$ 4 e US$ 6. Alugar um apartamento de quarto e sala num bairro portenho como Palermo, Recoleta ou Belgrano, não menos do que US$ 800, mais taxas – no melhor dos casos, podendo tranquilamente chegar a US$ 1.200.

Um bom plano de saúde para um jovem profissional como Nolazco fica em torno de US$ 250. Uma família de quatro pessoas está desembolsando atualmente mais do que US$ 1.000. A mensalidade de uma universidade particular, por exemplo a Universidade Católica Argentina (UCA), oscila, dependendo da carreira, entre US$ 300 e US$ 600.

“A sociedade tolera os preços caros que temos atualmente porque os governos anteriores foram um desastre. Aos poucos a expectativa é de que as coisas se acomodem, o financiamento continue crescendo e a cotação do dólar suba um pouco”, explica Nolazco.

Com a oposição sendo considerada por quase metade da poulação a grande responsável pelas crises sucessivas no país, Milei navega em mares turbulentos, mas com o controle do barco. Se seu partido, A Liberdade Avança, vencer as eleições legislativas de 26 de outubro, a situação do presidente será ainda mais confortável.

A vitória na eleição para vereados portenhos, realizada no domingo 18 de maio, deu impulso à campanha do partido governista em todo o país.

Milei ainda é um presidente popular – que exibe entre 40% e 48% de imagem positiva –, apoiado, principalmente, por sua política de combate à inflação. Nos últimos tempos, além de trazer tranquilidade a um país traumatizado por sobressaltos econômicos nos últimos 70 anos, o chefe de Estado normalizou o câmbio, afrouxando até mesmo medidas que permitem aos argentinos tirar os dólares guardados debaixo do colchão sem controle algum do Estado. Isso, para os argentinos, tem um valor altíssimo.

Com esse pano de fundo, aos poucos o consumo vai se recuperando. Em abril, de acordo com dados da Scentia, as vendas nas farmácias, por exemplo, subiram 13% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nos supermercados caíram 2,9%, mas Del Río afirma que “a tendência é de alta e o saldo anual será positivo”.

“No ano passado o consumo caiu 14%, a maior queda em 17 anos. Este ano vamos terminar com saldo positivo, que chamo de recuperação, não crescimento, entre 4% e 5%”, diz Del Río, acrescentando que “já estão sendo registrados preços com deflação”. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/argentina-com-precos-de-dubai-por-que-o-pais-vizinho-ficou-tao-caro/ Argentina com preços de Dubai: por que o país vizinho ficou tão caro 2025-06-03
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