Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de março de 2019
As ações da Vale listadas nos Estados Unidos (conhecidas como ADRs) tinham queda de cerca de 4% antes do início dos negócios nesta segunda-feira (04), sinalizando abertura no nível mais baixo em quase três semanas. Os mercados não funcionam no Brasil por ocasião do carnaval.
O movimento ocorria depois que a Vale informou no sábado (02) que o presidente-executivo, Fabio Schvartsman, e outros executivos graduados se afastaram temporariamente do comando da mineradora após ação do Ministério Público Federal.
As ações da Vale nos EUA acumulam queda de mais de 16% desde 25 de janeiro, quando uma barragem de rejeitos de mineração da empresa se rompeu em Brumadinho, deixando pelo menos 182 mortos confirmados e mais de 100 desaparecidos. Segundo a Jefferies, os ADRs da Vale são muito arriscados para compra, mesmo considerando o valor baixo e a performance significativamente fraca desde o colapso da barragem.
Novo presidente
Em meio aos esforços para contornar dúvidas de alguns investidores, a Vale decidiu ressaltar as credenciais de seu novo diretor-presidente interino, Eduardo Bartolomeo, como seu executivo mais experiente.
O afastamento do diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e de mais três diretores ocorreu no sábado (1º), após recomendação das autoridades que investigam o acidente. A sugestão foi elaborada pelo Ministério Público Federal, Ministério Público de Minas Gerais e pela Polícia Federal. Bartolomeo foi nomeado pelo conselho de administração. Desde então, investidores e analistas começaram a levantar questões sobre ele, por ser um executivo pouco conhecido nos mercados.
“Minha preocupação é que dispensar os altos executivos deixa a empresa sem liderança ou com liderança menos experiente e simplesmente aumenta a turbulência”, disse John Tumazos, da John Tumazos Very Independent Research, que foca em mineração, metais e produtos florestais.
Um analista de um grande banco de investimento, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa, disse que muitos clientes entraram em contato com ele desde a saída de Schvartsman. Ele chamou a mudança de perda relevante para a empresa, considerando a proximidade dos mercados de Schvartsman. Já Bartolomeo estaria mais focado nas operações de mineração da Vale do que em suas finanças.
Segundo a Vale, Bartolomeo é o diretor-executivo mais experiente e sua escolha visa garantir garantir estabilidade às operações da Vale, continuidade do processo de indenização, reparação e mitigação dos efeitos do rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão.
Com dez anos de Vale, Bartolomeo já foi diretor-executivo de logística, operações integradas de commodities (minério de ferro, carvão e manganês) e, mais recentemente, diretor-executivo de metais básicos. Trabalhou na Ambev entre 1994 e 2003, tendo exercido funções executivas.