Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2021
A eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando do Senado, nesta semana, representa uma mudança no equilíbrio das forças políticas envolvidas na disputa de poder no Congresso Nacional. Analistas políticos avaliam o cenário como positivo para o presidente Jair Bolsonaro e Davi Alcolumbre (DEM-AP), vitoriosos em suas indicações.
O “Centrão”, fiador de ambas as candidaturas eleitas, também é grande beneficiado pelo resultado.
Na contramão, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vivem dilemas partidários após terem falhado na tentativa de emplacar Baleia Rossi (MDB-SP) como antídoto ao bolsonarismo. Confira, a seguir, quem sobe e quem desce após a eleição no parlamento federal:
Em alta
– Arthur Lira: o novo presidente da Câmara chegou à eleição não só com o apoio do Palácio do Planalto, publicamente assumido por Bolsonaro. Ele também foi carregado por partidos do “Centrão”, do qual faz parte, e por filiados de outras siglas, incluindo as que compunham o bloco de Baleia Rossi.
Conhecido como um “cumpridor de acordos”, o deputado, ao lado de aliados, comprovou a habilidade para negociar votos, até mesmo em causa própria. Ao inviabilizar o apoio do DEM de Rodrigo Maia a Baleia Rossi, acabou esvaziando os últimos momentos do antecessor no cargo e abriu caminho para as conquistas do próprio mandato.
– Rodrigo Pacheco: unindo o apoio do bolsonarismo e do PT, forças opostas no espectro político, o recém-eleito presidente do Senado criou uma coalização inexistente na vitória de Acolumbre, seu antecessor, há dois anos.
Pacheco, que está no primeiro mandato como senador, superou por ampla diferença a adversária Simone Tebet (MDB-MS) e, antes disso, já havia articulado com Alcolumbre um acordo que custou a ela o apoio do próprio partido. Assim como Lira, ele também permanece no cargo até fevereiro de 2023.
– Jair Bolsonaro: o presidente da República levou até o fim a estratégia de influenciar votos de parlamentares e, mais adiante, poderá colher frutos dessa movimentação, apesar das reclamações de Maia e Baleia pela interferência nas eleições do Congresso.
Ele conta com os aliados no Legislativo, principalmente Lira, para evitar processos de impeachment e, ao mesmo tempo, emplacar pautas governistas que eram evitadas por Maia. Dentre elas estão temas de costumes e mais conservadoras. A Bolsonaro, também pertence o triunfo sobre as intenções de Maia, seu desafeto.
– Davi Alcolumbre: de saída do comando do Senado, Alcolumbre emplacou Pacheco como sucessor após tê-lo apresentado a Bolsonaro e participado ativamente dos acordos que garantiram a vitória na eleição.
Ainda que possa não conquistar um ministério no governo federal, conforme o plano que relatou a aliados antes de o presidente negar publicamente, Alcolumbre deixa o cargo reconhecido como um parlamentar capaz de conciliar interesses, como fez com os do governo e da oposição, e pode manter atuação expressiva na Casa.
– Centrão: na esteira de Lira e Pacheco, partidos do Centrão encerraram a eleição em alta. Siglas como PP, PL, Republicanos, Solidariedade, PSD, PSC, Avante, Patriota e PTB estiveram formalmente apoiando Lira na Câmara — ele é líder do grupo — e parte deles, com representação no Senado, também esteve com Pacheco.
Em baixa
– Rodrigo Maia: sem ter conseguido aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para se reeleger e com dificuldade para angariar apoios à candidatura de Baleia Rossi, Maia deixou o comando da Câmara após dias de conflito público com figuras do governo e uma crise com o DEM, seu próprio partido.
No momento mais crítico, viu Baleia perder o apoio do DEM na véspera da eleição e chegou a ameaçar um rompimento com a sigla numa celeuma que segue sem solução e pode afetar outros quadros. A derrota também pode prejudicar a articulação de Maia para uma frente anti- Bolsonaro em 2022.
– João Doria: embora tenha se esforçado para manter o PSDB no bloco de apoio a Baleia, a possibilidade de que uma reviravolta acontecesse, na última hora, demonstrou que o governador de São Paulo ainda enfrenta resistência em suas tentativas de influenciar nacionalmente as posições tucanas. Episódios anteriores já haviam demonstrado essa dificuldade, como na tentativa frustrada do grupo de Doria de expulsar o deputado Aécio Neves do partido, em 2019.