Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de março de 2018
O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi motivo para comoção nas redes sociais, mas também para o compartilhamento de mentiras sobre a parlamentar. Defensora dos direitos humanos e “cria da Maré”, como ela mesma se identificava, Marielle foi acusada nos últimos dias de associação com o tráfico de drogas, de ter tido um relacionamento com o Marcinho VP e até de “defender bandidos”.
Até mesmo a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) Marília Castro Neves e o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) compartilharam os boatos sobre Marielle. A reportagem conferiu as informações e confirmou que todas são falsas.
Em texto publicado no Facebook, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Marília Castro Neves afirmou que a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta na semana passada a tiros no centro do Rio, era “engajada com bandidos” e foi morta por ter descumprido “compromissos com seus apoiadores”. Essa foi uma das acusações falsas. Dados do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) mostram, porém, que os 46.500 votos de Marielle foram pulverizados na última eleição. Cerca de 30% da sua votação foi conquistada na Zona Sul do Rio de Janeiro, em bairros como Botafogo, Humaitá, Laranjeiras e Urca.
Na Maré, região controlado pelo tráfico onde Marielle nasceu e foi criada, a vereadora recebeu 1,6 mil votos. Reportagem publicada pelo jornal “Extra” mostra o peso dos votos fora da favela na eleição de Marielle. O candidato Del (PR) recebeu mais de 8 mil votos na comunidade, mas no total foi votado por 11 mil eleitores na cidade, e não conseguiu vaga na Câmara Municipal.
Marielle Franco era ex-mulher de Marcinho VP? (Falso)
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) compartilhou publicação com essa frase no Twitter, mas ela é falsa. Dois traficantes que atuaram no Rio de Janeiro eram identificados como Marcinho VP. Márcio Amaro de Oliveira atuava na favela Santa Marta, Zona Sul do Rio de Janeiro. O traficante fugiu da prisão em 1997, foi capturado três anos depois e morreu em 2003, no presídio Bangu 3.
Já Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, chefiava o crime no Complexo do Alemão e foi preso em Porto Alegre em 1997. Essa afirmação costuma ser compartilhada com uma foto de um casal com um tarja no rosto. Na imagem original, publicada num fotolog intitulado “Ktaputas”, é possível perceber que não há semelhança do casal com Marielle ou ous traficantes citados.
Marielle Franco engravidou aos 16? (Falso)
Marielle Franco foi assassinada aos 38 anos e sua única filha Luyara Santos, tem 19 anos de idade. A vereadora, portanto, engravidou quando tinha 19 anos e o pai de Luyara é Glauco dos Santos. Marielle vivia com a filha e a companheira, Monica Benício, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
Marielle exonerou 6 funcionários recentemente? (Falso)
Na mensagem compartilhada por Alberto Fraga, Marielle teria exonerado 6 funcionários recentemente, mas também circula pelas redes boatos de que até 15 funcionários foram demitidos pela vereadora. A informação, porém, é falsa. Na semana passada apenas três funcionárias deixaram o trabalho no gabinete.
Na lista atualizada de servidores comissionados da Câmara os nomes das funcionárias exoneradas já foram retirados. Segundo a assessoria da vereadora, duas delas deixaram o trabalho no gabinete após aprovação em concursos públicos e a terceira solicitou exoneração para se dedicar a outro trabalho. A assessoria informou ainda que elas atuavam ao lado de Marielle desde que a vereadora foi eleita.
Marielle “defendia bandidos”? (Falso)
Os internautas que fazem essa afirmação costumam criticar o fato de Marielle ser defensora do Direitos Humanos, denunciar atos de violência cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, bem como ser relatora da comissão criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio. Mas a vereadora também atuava junto aos policiais.
O coronel da reserva da Polícia Militar do Rio de Janeiro Robson Rodrigues da Silva defendeu Marielle. Rodrigues contou que conheceu a vereadora quando ela o procurou para relatar ameaças sofridas por mães em uma comunidade com Unidade de Polícia Pacificadora. Depois disso, segundo o ex-coronel, Marielle o procurou para saber como ajudar PMs vítimas da violência.