Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2018
Para preencher de forma emergencial as mais de 8 mil vagas deixadas por cubanos no programa Mais Médicos, o governo brasileiro vai flexibilizar regras. Em seleções passadas, os médicos com diploma estrangeiro sem validação no País tinham que passar primeiro por um curso de adaptação de três semanas. Agora, eles começarão a atender sem essa preparação, que será feita de forma paralela, disse o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
“Vão fazer gradativamente e em paralelo essa capacitação”, afirmou o ministro.
Occhi disse que vai se reunir com a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro na próxima semana para discutir o programa Mais Médicos. Segundo ele, o procedimento adotado pelo ministério está “alinhado” com as declarações de Bolsonaro. O futuro presidente é um crítico do Mais Médicos por considerá-lo um pretexto para financiar a “ditadura” cubana.
Bolsonaro questionou o fato de cubanos receberem apenas uma parte do salário, já que a maior parcela fica com o governo de Cuba, e colocou em dúvida a competência dos médicos formados na ilha, criticando o fato de serem dispensados de revalidar seus diplomas no Brasil, por meio de um exame nacional. A dispensa vale para todos os estrangeiros e brasileiros formados no exterior participantes do Mais Médicos. Cuba deixou o programa na semana passada alegando que as declarações do presidente eleito são desrespeitosas.
Ainda na esteira da crise assistencial nos rincões do País aberta com a saída dos cubanos, o governo estuda reformular o Revalida, exame de reconhecimento de diplomas de médico obtidos no exterior. Occhi se reuniu com o ministro da Educação, Rossieli Soares, para estudar medidas de facilitar o acesso ao Revalida para participantes do Mais Médicos.
Uma das ideias em discussão é descentralizar o exame, usando a estrutura de 54 hospitais ligados a universidades e outros órgãos federais. Hoje, há uma edição por ano, feito em duas fases. Mas são meses entre uma etapa e outra, de forma que elas chegam a ocorrer em anos distintos.
Outra medida aventada desde a semana passada é oferecer uma abatimento aos médicos formados pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) que ainda têm dívida do empréstimo para pagar ao governo. Eles teriam um desconto no financiamento como atrativo para participar do Mais Médicos. As medidas devem ser anunciadas em breve. Occhi vai se reunir com a equipe de transição de Bolsonaro na semana que vem para tratar do programa que leva médicos a área remotas do País, atendendo a cerca de 28 milhões de pessoas.
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) anunciou na segunda-feira que os cerca de 8.300 profissionais cubanos participantes do programa Mais Médicos deixarão o Brasil até o dia 12 de dezembro . Anteriormente, a saída de todos estava prevista para ocorrer até o Natal.