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Por Redação O Sul | 23 de maio de 2018
Os licenciamentos de veículos novos no Brasil em 2018 vão superar a atual projeção de crescimento de cerca de 12%, afirmou o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale. Segundo ele, o setor já apresenta um crescimento acima de 20%.
“No segundo semestre, deve haver uma redução nesse ritmo, por causa da comparação com o desempenho mais forte de um ano antes, mas certamente vamos superar o crescimento de 12% que estamos projetando atualmente”, detalhou Megale em entrevista à imprensa, ao apresentar o Salão do Automóvel de São Paulo, que será realizado em novembro.
No primeiro quadrimestre, as vendas de veículos novos no Brasil subiram 21,3% sobre um ano antes, para 763 mil unidades. A produção disparou 20,7%, chegando a 966 mil.
No que se refere às vendas atuais de veículos, Megale alerta que a greve dos caminhoneiros iniciada na última segunda-feira poderá impactar o registro de licenciamentos do mês, por causa de possíveis atrasos no envio de modelos das fábricas às concessionárias.
Evento
E edição (bienal) do Salão do Automóvel de 2018 já tem 30 marcas de veículos confirmadas e expectativa de atração de mais de 700 mil pessoas ao longo dos dez dias do evento, que também terá mais de 500 modelos de veículos. Em 2016, ano de agravamento da crise econômica, 26 marcas participaram da mostra.
A expectativa de público não é recorde e, segundo os organizadores, não se deve às incertezas relacionadas com o cenário eleitoral ou da economia.
“Não vemos nenhum tipo de ligação da previsão de público com as eleições. Não estamos pessimistas, mas focados em melhorar a experiência dos visitantes. Temos os mesmos dez dias de duração e não é nossa intenção baixar o preço para abarrotarmos os corredores de público”, disse o vice-presidente-executivo da Reed Exhibitions, organizadora do Salão.
Uma das novidades do evento deste ano será o fim das cotas de importação, que limitavam marcas que não têm fábrica no Brasil a vendas de 4,8 mil veículos sem incidência de sobretaxas.
“As perspectivas são bem melhores que em 2016”, disse o presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), José Luiz Gandini. Ele fez a ressalva, porém, de que o dólar a R$ 3,75 tende a causar uma mudança nos preços dos carros, que ainda não sabe qual será.
A expectativa do setor é elevar as vendas de importados no Brasil em 2018 para 40 mil unidades. Ao longo do ano passado, foram 29 mil.
A desvalorização cambial também traz impactos aos fabricantes nacionais, que diante de inclusão de maior quantidade de itens eletrônicos nos modelos mais recentes, que permitem acesso à internet ou ajudam no estacionamento, passaram a contar com uma parcela maior de autopeças importadas.
O presidente da Anfavea afirmou que o pior de tudo é a volatilidade, porque fechamos negócios sem saber a taxa, isso gera dificuldades para se repor estoques: “Se continuar essa desvalorização do real, poderá haver impacto sobre a produção, que até agora não caiu”.
Questionado sobre a expectativa pelo anúncio de uma nova política automotiva, que está sendo gestada há meses no governo federal e prevê incentivos tributários limitados para empresas do setor que investirem em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, Megale afirmou que a política chamada Rota 2030 deve levar ainda “mais alguns dias ou semanas”.
No início deste mês, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, chegou a afirmar que o programa deveria ser anunciado pelo presidente Michel Temer na semana do dia 6. Segundo Megale há ainda algumas divergências entre os ministérios da Fazenda e da Indústria.