Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2017
O sociólogo Branislav Kontic passa seus dias em casa, em São Paulo, com uma tornozeleira eletrônica presa à perna, relendo pensadores clássicos como Max Weber. Assessor do ex-ministro Antonio Palocci, Brani, como o filho de iugoslavos é conhecido, tem se tornado uma figura chave para a Operação Lava-Jato. Ele passou a figurar com cada vez mais frequência e importância nas delações de executivos da Odebrecht.
Em seu depoimento, Marcelo Odebrecht o apontou como o responsável por operar a conta “Amigo”, que abasteceria o ex-presidente Lula. Brani teria inclusive, no relato do empreiteiro, levado R$ 13 milhões em espécie ao petista, acusação que Lula considera “surreal”.
Com pouca atuação dentro do partido e abatido por uma depressão que o levou a uma tentativa de suicídio, no fim do ano passado, Brani se tornou foco de pressões. Em audiências judiciais, mantém os ombros encurvados, a cabeça baixa.
Ao juiz Sérgio Moro, Brani afirmou receber entre R$ 8 mil e R$ 15 mil mensais enquanto trabalhou para Palocci. Na consultoria, dizia atuar pontualmente, em projetos de urbanismo ou em temas que lhe fossem afeitos. Mas circulava entre os donos da caneta e os donos do dinheiro e tentava influenciá-los. Buscou convencer a Odebrecht a investir em infraestrutura na Sérvia, sem sucesso. Entre seus amigos, no entanto, há a convicção de que a atividade não o levou à riqueza. Quando as contas dele, de Palocci e dos demais acusados na ação penal foram congeladas, Brani era o mais “pobre”: tinha R$ 1,5 mil na conta. Conhecidos relatam que ele vive pressionado pela preocupação com o sustento da família caso passe muito tempo preso.
Com a certeza de que será condenado, Brani afirma aos amigos que acreditava fazer parte de uma consultoria para empresários que queriam ter sucesso na relação com a máquina pública.