Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2025
Caso seja condenado às penas máximas, o jogador pode pegar 17 anos e oito meses de prisão.
Foto: Gilvan de Souza/CRFO jogador Bruno Henrique, do Flamengo, foi denunciado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) por estelionato e fraude esportiva. Outras oito pessoas também foram denunciadas, incluindo o irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior.
Em abril, o jogador já havia sido indiciado pela Polícia Federal (PF) pelos mesmos crimes, por ter compartilhado informação antecipada sobre o recebimento de um cartão amarelo na partida contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023. Caso seja condenado às penas máximas, o jogador pode pegar 17 anos e oito meses de prisão.
“O denunciado Bruno Henrique Pinto concorreu de qualquer forma para todos os três crimes de estelionato descritos nesta série, uma vez que, segundo já asseverado, municiou Wander com a informação privilegiada acerca da sua punição (cartão amarelo) de forma adiantada, a qual foi o ardil necessário para o locupletamento – ainda que tentado – de vantagem em detrimento das plataformas de apostas on-line, sabendo ele que a informação seria utilizada para aquele fim específico”, afirma a denúncia.
O MP pede ainda que, se condenado, o jogador pague R$ 2 milhões por danos morais coletivos causados pela fraude. Agora, caberá à Justiça Federal decidir se aceita ou não a denúncia e torna o jogador réu. O mesmo valor foi solicitado em forma de fiança, para assegurar que ele compareça às etapas do processo.
A investigação traz conversas entre o jogador e seu irmão, em que Bruno Henrique aparece avisando a data em que receberia o cartão amarelo.
“Quando o pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”, pediu o irmão. “Contra o Santos”, respondeu Bruno Henrique.
Em seguida, garantiu que não receberia o cartão em partida anterior: “Não vou reclamar”, “só se eu entrar duro em alguém”, escreveu o jogador. “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”, comemorou o irmão.
Na partida contra o Santos, o atacante recebeu o amarelo e reclamou com o árbitro, levando ao cartão vermelho direto.
A Polícia Federal identificou dez pessoas envolvidas no esquema, sendo três com relações familiares com Bruno: o irmão Wander, a cunhada Ludymilla Araújo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso. Os três apostaram na partida.
Dos dez identificados pela PF, um deles não foi denunciados porque fechou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP): Douglas Ribeiro Pina Barcelos, amigo de Wander. Nesse acordo, a pessoa confessa ter cometido o crime em troca de uma substituição da pena por medidas alternativas.
Junto com a denúncia, o MP oferecer um ANPP para sete dos denunciados, menos para Bruno Henrique e seu irmão. A justificativa foi de que, no caso do jogador, um acordo não seria “suficiente para a reprovação e, especialmente, para a prevenção do crime”.
“Bruno Henrique é atleta de expressão nacional, jogador do clube de futebol de maior torcida no país. É indivíduo tido como modelo de profissional bem-sucedido por torcedores, amantes do futebol, incluindo um contingente enorme de crianças e jovens que perseguem o sucesso alcançado por ele dentro e fora das quatro linhas e que nele veem um exemplo a ser seguido”, diz a denúncia.
O MP acrescenta que “mesmo sendo um atleta bem-sucedido, rico, com a carreira estabelecida e jogador bem-quisto por uma enorme massa de torcedores e, além disso, mesmo ‘não precisando’ de qualquer vantagem econômica e detendo condições financeiras de ajudar seus familiares que também incorreram nas práticas delitivas descritas na peça acusatória, Bruno Henrique cometeu os crimes que lhe são atribuídos, o que evidencia que uma solução negocial é efetivamente inepta para fins de reprovação e prevenção do crime”.
Além disso, Bruno Henrique já fechou um ANPP no passado, em 2021. Na época, ele aceitou pagar R$ 100 mil após ter sido flagrado utilizando uma carteira de motorista falsa em uma blitz.