Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2015
Não são só os humanos que vivem cada vez mais e sofrem dos males que a idade avançada traz. Os pacientes caninos também estão mais longevos – graças aos avanços da medicina veterinária e ao uso das rações balanceadas, que substituíram a refeição feita de restos de comida. Daí que cresce o número de cãezinhos cardiopatas.
Até 35% dos cachorros idosos desenvolvem alguma doença cardíaca, sendo a insuficiência da válvula mitral a mais comum delas – grosso modo, a válvula não fecha direito e acaba prejudicando o bombeamento do sangue. Sintomas como tosse, cansaço fácil e falta de ar costumam acusar o problema. Em humanos, a solução nesses casos envolve a troca da válvula defeituosa e o uso de medicamentos.
Faz pouco mais de 20 anos que os exercícios físicos também passaram a fazer parte do rol de tratamentos. Paradoxalmente, impor esforço a um coração fraco se mostrou benéfico em estudos. Agora, a medicina veterinária não só se inspirou na cardiologia humana como se aliou a ela para tratar dessa crescente parcela de pacientes cardíacos.
A tese de doutorado do médico veterinário Mario Marcondes mostrou que, como os humanos, cães com insuficiência cardíaca não devem ficar em repouso, mas sim se exercitar.
O trabalhou rendeu um artigo, com colegas, no periódico Journal Of Veterinary Internal Medicine, um dos mais importantes da área. Agora, outro estudo do grupo sobre o benefício do exercício físico em cães cardiopatas foi aceito para publicação na revista científica Brazilian Journal of Medical and Biological Research.
No trabalho, Marcondes mostrou que a caminhada de 20 a 30 minutos, duas vezes por semana, melhora a qualidade de vida dos animais. Participaram da tese 46 cachorros de pequeno porte – os que mais sofrem com a doença. Seus donos preencheram um questionário para avaliar a evolução deles durante a pesquisa.
“A caminhada dilatou os vasos e melhorou a pressão arterial, o sono e vários dos sintomas que os cães tinham”, assinala Marcondes. A frequência cardíaca ficou estabilizada tanto nos animais que fizeram exercício como nos que usaram um betabloqueador, que funciona como vasodilatador.
“O exercício teve efeito muito próximo do medicamento. Como toda droga tem efeitos colaterais, podemos dizer que o exercício melhorou a qualidade de vida com menos riscos”, afirma Célia Strunz, orientadora do trabalho.