Segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2019
Ativistas americanos e brasileiros comemoraram a decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar sua viagem à cidade de Nova York, onde receberia o prémio de “Pessoa do Ano” no dia 14 de maio. Diplomatas estrangeiros ainda interpretaram a desistência como um sinal da debilidade da imagem do presidente em democracias onde a extrema-direita não esteja no poder. Em um comunicado, a maior entidade defensora dos direitos LGBTQ, a GLAAD, declarou que o cancelamento é uma “vitória para a comunidade LGBTQ no Brasil”. “Essa notícia mostra que organizações, empresários e políticos locais ainda podem realizar uma mudança real”, disse Sarah Kate Ellis, presidente da GLAAD.
A ação do grupo ainda contou com o apoio de um senador e da atriz Debra Messing. Uma petição ainda contou com 60 mil assinaturas, solicitando que o evento fosse cancelado em Nova York. Qualificando Bolsonaro como “bárbaro e horrível” em seu comportamento anti-gay, o grupo estima que o comportamento do brasileiro se assemelha ao posicionamento de Donald Trump. Quem também comemorou foi a Amazon Watch, que reúne ativistas ambientais nos EUA. Nas redes sociais, o grupo indicou que o cancelamento da viagem mostra que ” pressão sobre esse regime perigoso pode funcionar”.
Uma coalizão de ativistas que iniciaram uma ampla campanha em Nova York também comemorou. Mas, num comunicado, deixou claro que não vai se esquecer das empresas que, apesar da pressão, optaram por manter seu apoio ao evento. Entre elas estavam alguns dos maiores bancos do mundo, como UBS e Credit Suisse.
Diplomacia
Na Europa, a notícia foi recebida com surpresa por parte de diplomatas estrangeiros. Para alguns deles, o cancelamento é um “sinal ruim”, já que mostraria a fragilidade do governo e como ele não aceita críticas. Durante o governo de George W. Bush, lembram os europeus, o americano foi recebido sob fortes protestos a cada vez que pisava na Europa. Mesmo assim, manteve a maioria das viagens. Algo parecido ocorre com Trump.
“Se ele não estiver preparado para enfrentar a sociedade civil, a Europa dificilmente fará parte de sua agenda internacional”, disse. Também é notado entre as diplomacias estrangeiras o fato de que, por onde passa, Bolsonaro é alvo de protestos. Em Davos, em janeiro, manifestantes levavam cartazes dele e de Benjamin Netanyahu, alertando que não eram bem-vindos na Suíça. Entre os palestinos, protestos também ocorreram em sua visita à Israel. No Chile, o cenário foi parecido.
Grupos radicais na Alemanha e Nova Zelândia ainda vandalizaram ou invadiram as embaixadas do Brasil, em protesto contra o presidente. Nos últimos meses, Bolsonaro tem alertado que cabe aos embaixadores do Brasil no exterior não apenas defender a imagem do País mas também agir para desfazer a percepção internacional sobre ele.