Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de fevereiro de 2022
O câncer de testículo diagnosticado no jogador Jean Pyerre, que pertence ao Grêmio e que fazia exames para ser emprestado ao Giresunspor, da Turquia, acendeu um alerta sobre o tumor que já se mostra constante quando se trata de atletas de alto rendimento. A lista não é curta, mas os casos não podem ser relacionados por esse fator.
É o que explica em entrevista ao site Lance! o líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A. C. Camargo, Dr. Stênio Zequi, que também é cofundador e coordenador do Latin American Renal Cancer Group, o LARCG.
“O fato de praticar esporte de alto rendimento, em geral os atletas, eles se submetem a uma carga atenuante, quase sobre-humano ao músculo, mas no sentido de câncer testicular não tem descrito isso. Não se pode dizer que a prática de exercício em alta performance pode causar câncer no testículo”, explica o médico.
“Enquanto está ligado ao esporte que traumas repetidos pudesse causar câncer testicular, isso também não é uma coisa clara. O que acontece: o evento traumático, uma bolada ou pancada, ele (o atleta) põe a mão lá (no órgão) e sente uma alteração. Muitas vezes o tumor é descoberto durante a higiene ou durante o ato sexual. Não há essa associação entre esporte de alto impacto e tumor testicular”, completou.
Questionado, o médico falou ainda sobre se o uso de testosterona como forma de anabolizante pode causar alterações que venha a se tornar um câncer testicular. Segundo ele, o uso dessas substâncias podem causar ações prejudiciais ao organismo, mas que não são relacionadas ao câncer no órgão.
“Pode causar danos por causa do uso excessivo de testosterona. O testículo tem duas funções: produzir hormônio masculino (testosterona) e a parte germinativa que é produzir espermatozoide para a procriação da espécie. Por isso, só se deve repor testosterona em quem necessita. Em quem tem em dose normal não há necessidade. Mas muitos (homens) utilizam para obter uma grande massa muscular como anabolizante, o que causa o crescimento muscular”, analisa.
“Mas o uso excessivo traz riscos cardiovasculares e além disso, o testículo trabalha fazendo testosterona. Mas se alguém começa a trabalhar pra ele tendo uma fonte externa, através de injeções ou gel, o testículo fica inibido e começa a reduzir o seu trabalho. Então o testículo pode paralisando e causando dependência para o resto da vida. Nos casos em que os atletas usam em caso excessivo pode causar um prejuízo e alterar sua fertilidade”, conclui.
Considerado raro, o câncer de testículo é mais comum em jovens na faixa dos 15 aos 40 anos – predominantemente entre 20 e 34 anos – o que corresponde a maior parte de vida ativa esportivamente de atletas. Os atletas listados abaixo tiveram câncer testicular na juventude, o que pode correlacionar os fatos que não ligam necessariamente a prática esportiva de alto nível. Veja a lista com alguns dos casos.
Casos no esporte
– Jean Pyerre: O meia Jean Pyerre, de 23 anos, que foi cedido ao Giresunspor por empréstimo de seis meses pelo Grêmio, não jogará pelo clube turco. O atleta chegou a assinar contrato e foi apresentado pelo clube, no entanto, os exames médicos apontaram que o jogador tem um câncer nos testículos. Jean Pyerre se apresentou na semana passada, mas decidiu voltar para realizar o tratamento no Brasil. Dessa forma, o meia irá rescindir o seu contrato que iria até o meio de 2022.
– Ederson: O ex-jogador do Flamengo Ederson foi um dos casos mais recentes de câncer no testículo. O caso tomou grande repercussão nacional e o jogador contou com a solidariedade de clubes e colegas de profissão. Ele passou por uma cirurgia para retirada do testículo direito e depois passou por um processo de quimioterapia.
– Robben, ex-jogador: O holandês Arjen Robben tinha 20 anos quando descobriu que tinha o tumor nos testículos, um pouco antes da Eurocopa de 2004, quando estava deixando o PSV rumo ao Chelsea. Ele voltou a jogar após a cirurgia e se tornou um dos maiores nomes do futebol mundial.
– Nenê Hilário: Nenê fez longa carreira na NBA e se tornou mais um nome entre os atletas que tiveram câncer no testículo, em 2008. Ele passou por cirurgia e quimioterapia, voltando a jogar normalmente. Durante a carreira ele passou por Denver Nuggets, Washington Wizards e Houston Rockets. No Brasil, Nenê defendeu o Vasco no início dos anos 2000.
– Douglas Friedrich: Douglas descobriu um tumor maligno aos 18 anos. Ele precisou ficar afastado do futebol por um ano mais se recuperou e hoje, aos 33, é destaque como goleiro do Avaí.
– Magrão: ex-volante do Inter, Magrão precisou retirar um dos testículos quando atuava nos Emirados Árabes, em 2011. O caso veio a tona em 2015 quando ele foi pego em um exame antidoping e relacionou o exame a remédios que ele dizia precisar tomar. As informações são do site Lance.