Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2018
Os candidatos à Presidência Manuela D’Ávila (PCdoB) e João Amoedo (Novo) lideram arrecadação de recursos para campanha eleitoral na internet. Com dinheiro curto em função do fim das doações empresariais milionárias e um fundo público eleitoral limitado a ser rateado entre todos os partidos, os candidatos a presidente, governador, senador e deputado enfrentam outro desafio em tempos de forte desconfiança dos eleitores: convencê-los a participar do financiamento coletivo com doações voluntárias, as chamadas vaquinhas virtuais pela internet ou crowdfunding.
O prazo para que candidatos e partidos captem recursos na rede começou na semana passada e vai até 5 de outubro. O limite para doação diária por pessoas físicas é de R$ 1.064,10 e não pode ultrapassar 10% da renda bruta registrada na prestação de contas do Imposto de Renda em 2017. Os candidatos e partidos devem escolher entre 20 sites registrados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para receber as doações. O sistema foi aprovado na minirreforma eleitoral em 2015 e será testado pela primeira vez.
O pré-candidato a presidente João Amoêdo (Novo) saiu na frente dos concorrentes. Em dois dias, 607 pessoas de 23 Estados doaram R$ 80,3 mil, média de R$ 132 por doador. Manuela D’Ávila (PCdoB) ficou em segundo lugar, com R$ 34,6 mil arrecadados. A meta do partido é captar R$ 150 mil nos próximos meses. “Ajude a Manu a levar as propostas do PCdoB para todo canto do Brasil”, diz a pré-candidata na página com o link para doações.
Álvaro Dias (Podemos) foi o terceiro. Mobilizou 20 doadores até a sexta-feira (18) e obteve R$ 1,8 mil. Em quarto lugar, Geraldo Alckmin captou para o PSDB, não para sua candidatura, cerca de R$ 1 mil no primeiro dia.
A lei prevê que podem ser criadas duas contas de captação: uma específica para os candidatos e outra para o partido, que pode distribuir o valor arrecadado entre seus candidatos. Quando a conta é do candidato, em caso de desistência, morte ou impugnação, o dinheiro doado é devolvido para o doador. Por isso, a maioria dos pré-candidatos está criando plataformas em nome dos partidos.
Se a conta é vinculada ao candidato, o dinheiro só pode ser usado em instalações físicas e ações na internet no período entre as convenções de julho, que oficializarão candidaturas, e o prazo para o registro, em agosto. Depois, pode ser usado na campanha eleitoral.
O PSDB diz que está em fase de testes e, por isso, só decidiu cadastrar, no momento, o CNPJ do partido para receber as doações. Geraldo Alckmin diz que a primeira meta será financiar a elaboração de uma plataforma colaborativa para receber propostas de cidadãos em todo o País.
Para que tenha êxito, o estrategista digital da campanha de Alckmin, Marcelo Vitorino, diz que é preciso superar uma cultura em que os militantes, em geral, estão acostumados a serem pagos para fazer campanha. O desafio é ainda maior porque, depois de vários escândalos de corrupção e caixa dois nas campanhas políticas, o eleitor está ressabiado.
O senador Álvaro Dias criou uma página no Facebook batizada de “Vakinha de Álvaro Dias” para apresentar o link de doação. “Se você acredita no nosso projeto e pode doar, clique no link. A doação é legal, transparente e fácil de ser realizada Qualquer valor é bem-vindo”, convida Álvaro.
Apesar do ceticismo dos eleitores, os partidos de esquerda apostam na fidelidade da sua militância para encher o cofrinho. PT, PSOL, PDT e Rede ainda estão avaliando a melhor forma de lançar suas plataformas de arrecadação. Por enquanto, também deverão fazer vaquinhas virtuais apenas para o partido e não para os candidatos.
“Estamos decidindo qual a melhor forma de colocar isso em operação. A tendência é fazer captação nos Estados e outra nacional, para o candidato a presidente. Sem falsa modéstia, Ciro (Gomes) mobiliza sua militância e isso pode ser um diferencial”, diz o presidente do PDT, Carlos Lupi.
O PT deve começar a operar sua plataforma de captação na próxima semana. Com ou sem Lula, o secretário nacional de finanças do PT, Emídio de Souza, aposta que a militância aguerrida não vai deixar o partido na mão.
O PSOL espera repetir, com o pré-candidato Guilherme Boulos, a experiência bem-sucedida da candidatura de Marcelo Freixo na campanha pela prefeitura do Rio, em 2016, quando ele captou em doações voluntárias cerca de R$ 2,5 milhões.
Milionário, o pré-candidato do MDB, o ex-ministro Henrique Meirelles, não pretende usar o sistema de arrecadação virtual porque está prometendo fazer campanha com dinheiro do próprio bolso.