Segunda-feira, 02 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2020
No ar na reprise de “Mulheres apaixonadas”, no Canal Viva, Giulia Gam relembrou os bastidores da novela e também sua Heloisa, uma das personagens mais marcantes na TV e na carreira. O papel de uma mulher descontroladamente ciumenta foi um dos pontos altos da trama e sendo desenvolvido aos poucos.
“O Maneco (Manoel Carlos, o autor) me chamou para jantar e me deu o livro ‘Mulheres que amam demais’ e pediu para manter isso em segredo, ler e não contar para ninguém. Me adiantou que Heloisa seria uma mulher ciumentíssima, mas que eu fosse interpretando devagar e que na hora em que ela fosse mudar, ele me avisaria”, recorda.
Da conversa ao primeiro ataque de Heloisa não demorou muito. “Era uma cena dela descobrindo que o cunhado estava traindo a irmã. Gravamos eu e Tony Ramos, maravilhoso, e o Ricardo Waddington (diretor) pediu para fazer mais uma. E, dessa vez, me falou para sair de mim, sair da casinha. Eu fui aos berros para cima do Tony. Depois, esperamos porque achei que faríamos outra e ele disse: ‘é por aí’”, conta.
Foi ali que começou a nascer a Heloquisa, criada na paródia da trama na época pelo “Casseta & planeta” e adotada pelo público, que passou a se referir assim à personagem, que muitas vezes saiu do prumo pelo ciúme doentio que sentia do marido Sergio, de Marcello Antony.
Foi quando Giulia passou a frequentar o MADA (Mulheres que amam demais anônimas). “O Maneco nunca tinha ido nem o Waddington porque homens não podiam frequentar. Cheguei lá e as pessoas me olharam desconfiadas. Me perguntaram se eu tinha a mesma doença e eu disse que tinha outras questões e falei que gostaria de ouvir os relatos para não fazer uma caricatura. Mas prestar um serviço e mostrar o grande sofrimento que é tudo isso”, justifica.
A personagem tomou tamanha proporção e as cenas foram tão dramáticas que um psiquiatra foi contratado para ficar no estúdio durante as gravações. A mais pesada, segundo a atriz, foi Heloisa sendo levada à força para ser internada. “Saí do estúdio e o psiquiatra veio me ver correndo porque estava preocupado. Ele me perguntava se eu estava bem porque ele dizia que eu estava num surto psicótico na cena e se preocupou. Eu disse que estava bem. Mas eram cenas muito fortes”, descreveu ela, durante uma live com o Instagram “Noveleiros Real”.
Esta não foi a primeira vez que a atriz teve apoio psicológico durante um trabalho. Quando viveu Luísa, na minissérie “O primo Basílio”, logo no início da carreira na TV, Daniel Filho, que a dirigia, providenciou um aparato: “Chegou uma hora que eu levava aquela angústia da Luisa comigo, eram muitas cenas gravando por dia, uma carga dramática… Ele sabia que poderia acontecer isso e me deu apoio”.