Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2015
O governo da Indonésia acusou autoridades australianas nessa sexta-feira de pagar milhares de dólares a traficantes de pessoas para evitar que um barco com imigrantes clandestinos atracasse na costa do país.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Indonésia, a polícia na província de Nusa Tenggara deteve, no fim de maio, o capitão e cinco tripulantes de uma embarcação com mais de US$ 23 mil (R$ 71.566) em dinheiro vivo.
Os tripulantes relataram ter recebido o dinheiro de autoridades australianas em 20 de maio, quando, dizem, o barco foi interceptado nas águas do país, perto da ilha Christmas.
Ao saberem que a embarcação se dirigia à Nova Zelândia (cujos cidadãos têm trânsito livre para a Austrália), os policiais pagaram R$ 11.927 a cada um para que voltassem às águas indonésias, segundo relatado.
Os australianos, disseram os tripulantes, também providenciaram barcos com combustível e comida para o retorno.
A embarcação levava imigrantes de Sri Lanka, Bangladesh e Mianmar. Entre os passageiros, havia uma grávida e crianças.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia disse que o país investiga o caso. Os tripulantes foram presos após o barco ter sido encontrado encalhado em uma ilhota indonésia.
A ilha Christmas está localizada a cerca de 350 km da costa indonésia e a 1.600 km da costa australiana.
Resposta australiana
Quando questionado sobre o assunto, o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, não desmentiu nem confirmou a informação. “Usamos um variado leque de medidas para parar os barcos, pois foi para isso que os australianos nos elegeram.”
“Faremos tudo o que for razoavelmente necessário para proteger nosso país dos efeitos desse comércio danoso [tráfico de pessoas].”
A Austrália possui uma rígida política migratória, que proíbe a vinda de imigrantes e requerentes de asilo por barco. Os que chegam ao território são detidos e levados a outros países até que sejam processados seus pedidos de asilo.
Nessa sexta-feira, um porta-voz do governo da Indonésia disse que as declarações de Abbot foram antiéticas e podem encorajar traficantes de pessoas.
A mesma crítica foi feita por políticos australianos de oposição. “Essas pessoas deveriam responder a processos judiciais com toda a força da lei, não postas em uma situação em que, quando veem um navio australiano, estão na verdade perto de um caixa eletrônico flutuante”, disse Richar Marles, do opositor Partido do Trabalho.
Atualmente, o Sudeste Asiático enfrenta uma grave crise migratória, em que muçulmanos rohingyas de Mianmar e bengaleses buscam melhores condições de vida em países como Tailândia, Malásia e Indonésia.