Música Autor de livro proibido sobre a vida de Roberto Carlos vai escrever nova biografia do Rei
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2015
A batalha entre o escritor Paulo Cesar de Araújo e cantor e compositor Roberto Carlos ganhará um novo e importante capítulo em 2016. A Record anunciou que fechou um acordo para publicar uma nova biografia do Rei. A editora afirma que a obra será diferente de “Roberto Carlos em Detalhes”, publicada pela Planeta em 2006 e recolhida meses depois após acordo judicial: terá texto diferente, outro título e incluirá fatos recentes.
Um acordo judicial, firmado há oito anos, impedia a republicação da primeira obra. Baseados na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que derrubou a obrigatoriedade de autorização prévia do biografado ou de seus herdeiros, editora e escritor acreditam que um livro novo não seria atingido pelo antigo trato. O texto vai passar em revista a carreira de Roberto Carlos e contará episódios da vida do músico nos últimos anos, inclusive a batalha judicial em torno da biografia recolhida.
“Minha pesquisa não parou em 2007”, apontou Araújo. “Meus arquivos sobre a MPB continuam atualizados. Eu sabia que essa questão iria se resolver. O Roberto Carlos é um artista tão importante que um ou dois livros são pouco. Tomara que o novo ordenamento jurídico do País estimule a produção de mais obras sobre ele.”
Marco Antonio Bezerra Campos, advogado de Roberto Carlos na disputa com o autor e a editora Planeta, havia declarado que uma nova obra, mesmo reformulada, ainda seria atingida pelo antigo acordo. No entanto, recentemente ele admitiu que um novo texto não tem restrição quanto à publicação. O defensor observou que o Rei avaliará o livro após sua publicação.
“Pelas nossas informações, não há dúvida de que se trata de uma nova biografia. Tomara que não haja violação dos direitos e da honra do Roberto. O livro será examinado como uma nova obra, e, se acharmos necessário, entraremos na Justiça. Afinal, o STF definiu a possibilidade da análise de cada caso”, argumentou Bezerra Campos.
Araújo está confiante que Roberto Carlos não dará sequência à disputa judicial. Para ele, o cantor deve se preocupar com outros assuntos: “Acredito que ele seja aconselhado a deixar disso. Atitudes como aquela não têm mais lugar. Ele deve se concentrar em fazer lindas canções e preparar o esperado disco de inéditas. E também estou muito ansioso pelo livro dele. Acho que o Roberto deve gastar tempo e energia para produzir aquilo que os fãs esperam. Torço para que ele vá para o caminho da criação, não da repressão”.
O biógrafo havia publicado, no ano passado, “O Réu e o Rei”, pela Companhia das Letras. O livro traça um panorama dos episódios vividos pelo autor durante a produção de “Roberto Carlos em Detalhes”.
Retorno ao lar.
Em um movimento inesperado, o escritor voltou à Record, editora em que publicou “Eu Não Sou Cachorro Não”, sobre a resistência dos artistas “bregas” à ditadura militar brasileira, em 2002. Ele disse estar “voltando para casa”. “Tudo foi conduzido pela minha agente literária [Lucia Riff]. Sinto-me um privilegiado em ter duas grandes editoras interessadas no meu livro. São duas casas pelas quais tenho o maior carinho. Foi uma questão de detalhes. A proposta da Record me pareceu mais satisfatória.”
“Roberto Carlos em Detalhes” foi publicado pela Planeta em dezembro de 2006. O escritor, que entrevistou dezenas de músicos e amigos do artista durante mais de uma década, viu a obra ser retirada das livrarias em abril de 2007. O músico fez um acordo judicial com a editora espanhola, recém-chegada ao Brasil, que previa multa se o livro não fosse recolhido. Na queixa-crime, o Rei reclamou de 14 passagens da obra. Dez delas diziam respeito a assuntos amorosos. Os relatos do acidente que o fez perder a perna e da morte da mulher Maria Rita também eram parte dos trechos sensíveis. (AG)
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