Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2019
As autoridades responsáveis pelas buscas não tratam mais como resgate de feridos o caso do monomotor que levava o jogador Emiliano Sala de Nantes a Cardiff. O avião sumiu do radar na noite de segunda-feira quando sobrevoava a região de Guernsey, no Canal da Mancha. Agora, a procura é pelos destroços da aeronave e da caixa preta.
O atacante, que havia assinado com o clube inglês na semana passada, estava a bordo acompanhado apenas do piloto. Ele estava indo se apresentar ao novo clube.
Em entrevista à Associated Press, o diretor-chefe da CIAS (Channel Islands Air Search), John Fitzgerald, que participa das buscas, afirmou que não há esperança de encontrar sobreviventes.
“Nós simplesmente não sabemos como desapareceu. O avião desapareceu completamente. Não houve conversa por rádio”.
O presidente do Nantes Waldermar Kita, ex-clube do argentino, se pronunciou após a confirmação do desaparecimento da aeronave no Canal da Mancha. Sala fora vendido para o Cardiff na semana passada e se apresentaria ao novo clube nesta terça-feira.
“É um bom garoto, educado e amado por todos. Ele é muito respeitoso e cortês”, disse.
“Cemitério de aviões”
Acidentes aéreos com monomotores, como o do jogador Emiliano Sala, do Cardiff , são bem comuns, segundo o escritor e especialista em aviação Ivan Sant’Anna. Ainda mais na localidade que ocorreu. De acordo com ele, o Canal da Mancha é conhecido como “cemitério de aviões”.
“O Mar do Norte é muito turbulento. Há alguns casos de acidentes aéreos entre a França e Inglaterra, como do cantor Glenn Miller, do piloto de Fórmula-1 Graham Hill e do escritor Saint-Exupéry”, recorda.
O atacante argentino estava a bordo de um modelo Piper PA 46 Malibu, com capacidade de até seis lugares. É o único monomotor pressurizado no mercado da aviação. Ou seja, com capacidade de voar em altitudes maiores, bem acima das nuvens.
De acordo com as autoridades, o piloto voava a 5 mil pés de altitude quando pediu permissão para baixar a altitude já na região de Guernsey. O contato foi perdido a 2,3 mil (cerca de 700 metros).
Segundo Sant’Anna, é uma altitude muito baixa que pode fazer o piloto perder a referência do horizonte e colidir com o mar. Normalmente, o piloto desce para ter maior visibilidade. Outra hipótese, de acordo com o especialista, é a pane no motor por algum problema de manutenção ou colisão da hélice com pássaros.
“É um acidente bem parecido com o do John Kennedy (morto num acidente aéreo em 1999 quando pilotava um monomotor na Costa Leste dos Estados Unidos)”, afirmou.
O PA 46 Malibu é um modelo fabricado a partir da década de 1990, com nove metros de comprimentos, peso máximo de decolagem de quase duas toneladas, e velocidade de cruzeiro de 350km/h.