Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2022
Usados para combate nos oceanos de Pandora, peixes bicudos voam a quase 100 km/h acima do nível da água, levando líderes dos nativos nas costas. No mesmo mar, criaturas de quatro olhos do tamanho de baleias conseguem se comunicar com as tribos e até protegê-las. E, assim como os dragões voadores servem de transporte para os clãs das florestas da franquia “Avatar”, agora répteis marinhos parecidos com plesiossauros desempenham a função no cenário litorâneo.
Esses são alguns exemplos da fauna recém-saída da imaginação de James Cameron para encantar os espectadores de “Avatar: O Caminho da Água”, que chega aos cinemas com avanços tecnológicos expressivos em computação gráfica (CGI) – e já concorre a duas categorias no Globo de Ouro 2023: melhor filme de drama e melhor diretor. Como o título já adianta, o foco da sequência cai nos oceanos da lua de Pandora. E não mais no plano terrestre, como no primeiro filme, lançado em 2009, com ação concentrada na selva habitada pela raça alienígena humanoide azul, conhecida como Na’vi.
“Vamos levar a plateia a um lugar nunca visto antes, o mundo subaquático de Pandora”, contou o produtor Jon Landau, em sua passagem pelo evento de cultura pop CCXP22, realizado recentemente no pavilhão São Paulo Expo. “Jim [James Cameron] nunca fica satisfeito com o status quo e com o que ele fez no filme anterior. O que vemos aqui vai muito além do que foi feito no passado”, completou, referindo-se à complexidade atingida na simulação da água digitalmente, devido à onipresença do mar na trama.
O realismo obtido na criação minuciosa do universo submarino explica a longa espera pela continuação da história do povo espiritual e pacífico — concebido como a antítese da humanidade. Em janeiro de 2010, poucas semanas após a estreia mundial da saga de ficção científica ambientalista, concebida para projeção em 3D, Cameron declarou que a trama ganharia desdobramentos.
E o anúncio se deu muito antes de “Avatar” se tornar a maior bilheteria de todos os tempos, com US$ 2,78 bilhões. A sua marca foi temporariamente ultrapassada em 2019, quando “Vingadores: Ultimato” arrecadou mais de US$ 2,79 bilhões mundialmente. Mas “Avatar” recuperou o trono, em 2021, com um relançamento, batendo os US$ 2,9 bilhões.
Para criar um cenário inédito que fosse visualmente tão deslumbrante quanto o original, Cameron decidiu explorar o fundo dos oceanos de Pandora na sequência, com orçamento estimado em mais de US$ 350 milhões. E a escolha exigiu o aperfeiçoamento da tecnologia de simulação de água para materializar a visão do diretor — já que a água é uma das coisas mais difíceis de representar digitalmente.
Para a criação do ecossistema de uma tribo adaptada à vida no recife e com um vínculo muito mais forte com a água, foram necessários mais de cinco anos de pesquisa e de desenvolvimento de um novo software. A ferramenta permitiu reproduzir com realismo e precisão a movimentação da água, seja com a queda de uma simples gota ou com cenas de batalha em alto-mar.
E, ao mesmo tempo, a produção precisou estabelecer as condições ideais para o registro das performances embaixo d’água e no nível da água (quando os personagens mergulham e saem do mar). Para garantir a interpretação submarina, foi construído um tanque com capacidade de 950 mil litros de água, onde era possível reproduzir movimentos das correntes e das ondas, graças a um sistema de hélice.
Isso significou que todo o elenco precisaria trabalhar prendendo a respiração. Mesmo submersos, os atores tiveram suas performances capturadas como no primeiro “Avatar”, por “motion capture”. Os movimentos aqui são registrados por meio de sensores espalhados pelo rosto e pelo corpo dos atores. E, depois de rodadas e editadas, as cenas são enviadas à equipe de pós-produção, para que os personagens ganhem vida, mantendo as nuances das expressões dos atores.
Em termos de inovação, “Avatar: O Caminho da Água” segue os passos do original. Na época, o filme impressionou pela criação de um planeta totalmente do zero, com fauna e flora exuberantes, e também pelo uso revolucionário do 3D, incluindo a reinvenção das câmeras para aperfeiçoar o sistema de captura de imagens no formato.
A continuação surpreende, mais uma vez, ao apresentar ao espectador uma faceta inexplorada de Pandora, com mais tomadas de tirar o fôlego. De tão detalhados e realistas, é difícil lembrar que os cenários são meramente virtuais. Ainda mais com cenas aquáticas tão complexas quanto a de uma criatura marinha saindo com fúria das profundezas para atacar um navio. E com todo o estardalhaço que o salto de um animal de 100 toneladas faz nas águas. As informações são do jornal Valor Econômico.